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Crise na Uerj

Professores em greve protestam contra atraso de salários

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Flávia Villela 

Em greve desde a última terça-feira (1º), professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) protestaram hoje (3), em frente à entrada principal do campus Maracanã, zona norte da capital fluminense, contra o atraso dos salários e das bolsas acadêmicas e as más condições de trabalho nas unidades e no hospital universitário. O ato também discute a crise da educação pública com atividades culturais, musicais e uma aula aberta.

Professor da Faculdade de Educação e diretor da Associação dos Docentes da Uerj, Guilherme Vargues, informou que haverá um calendário de atividades para envolver os demais servidores prejudicados com a crise no estado e também a sociedade.

“O que não tem cabimento é a ausência total de isonomia por parte do governo do estado. Ele escolhe quem paga e a educação pública tem ficado para trás. E ainda não obtivemos uma resposta do governo. Precisamos de um projeto estrutural para salvar a Uerj”, disse.

“Chegamos ao limite, são quase quatro meses de salários e bolsas com atraso, décimo-terceiro de 2016 não pago, o restaurante universitário fechado. É uma crise que afeta bolsistas de pós-graduação, projetos de pesquisa”, destacou, citando ainda o Hospital Pedro Ernesto, ligado à universidade, que oferece atendimento de ponta para doenças mais complexas e está com muita dificuldade de operar.

Frustração – Cotista e mestrando bolsista, o estudante de história Eden Pereira Lopes da Silva, 22 anos, esperava se formar em 2018, antes da crise na instituição. Agora, sem bolsa e sem aulas, a frustração em relação ao futuro é imensa. “Me sinto congelado no tempo. Quando entramos na universidade, fazemos um monte de planos, um planejamento para nossa vida, com o objetivo de se formar e arranjar um emprego. Essa é uma situação desestimulante e triste.”

O atraso de mais de três meses do pagamento da bolsa tem afetado também o sustento em casa, explicou o estudante que usa parte do auxílio para ajudar a família.

“Além disso, moro muito longe da Uerj, em Campo Grande, e preciso tomar seis conduções por dia e o bilhete único universitário só cobre quatro, sem contar comida, xerox e um monte de coisas que temos que fazer na universidade que geram custos.”

Para ele, a greve dos professores é legítima e tem seu apoio. “Sem bandejão [restaurante universitário], sem os salários regularizados dos terceirizados e dos professores, sem bolsa para os alunos não há condições de voltarmos a ter aulas normalmente”, declara. “Precisamos de condições mínimas, há problemas com os elevadores, com a limpeza também”.

A greve dos professores da Uerj foi aprovada em assembleia na última terça-feira (1º), um dia depois da reunião do conselho de diretores da universidade que definiu que o ano letivo de 2017, previsto para começar em 1º de agosto, seria adiado por tempo indeterminado.

A próxima assembleia dos professores da Uerj está marcada para o dia 17. A Uerj tem 41.295 estudantes espalhados em 13 unidades.

Na última segunda-feira (31), a Justiça do Rio determinou o arresto de verba diária das contas do governo do Estado até que se chegue à quantia de R$ 7,5 milhões para o pagamento do custeio do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, zona norte do Rio, que funciona como hospital-escola para os cursos da área biomédica da Uerj.

Até o fechamento desta matéria, as assessorias da Secretaria de Ciência e Tecnologia e da Fazenda não haviam se pronunciado sobre o teor das críticas em relação ao governo do estado.

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