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Prostitutas fazem protesto e prometem aos clientes ‘Zona Padrão Fifa’ em Minas Gerais

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Em época de muitos protestos pelo País, as prostitutas de Belo Horizonte entraram na onda e levantaram sua bandeira. Em busca de melhores condições de trabalho e reconhecimento da profissão, elas armaram uma partida de futebol no centro da capital mineira – causando transtornos no trânsito nesta tarde de sábado, dia que o Mineirão estreou na Copa do Mundo com o jogo Colômbia e Grécia. É o que escreve o repórter Marcellus Madureira Rodrigues de Oliveira, em texto assinado no Terra.

Embora seja um protesto, as prostitutas de Belo Horizonte não queriam nenhum tipo de violência. Segundo elas, a paz é o ponto principal da manifestação. Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também foram até o local para apoiar, além de jovens da Casa Jocum (Jovens Com Uma Missão) e evangélicos.

A manifestação pacífica das prostitutas teve inicio por volta das 15h. Elas fecharam a Rua Guaicurus (principal ponto de prostituição em Belo Horizonte) e o trânsito se complicou. Educadamente, os manifestantes pediam para que os motoristas desviassem por outro ponto, pois ali aconteceria um movimento. Em minutos a polícia chegou para organizar os carros e ônibus que se bagunçaram na Rua São Paulo – paralela a Guaicurus.

Do momento que a via foi fechada, até o inicio da partida, a organização do protesto apenas pintou as linhas que marcaram a quadra, fez os gols com quatro cones, e liberou para o time “Peladas Futebol Clube” os uniformes. De acordo com Maria Aparecida Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig), a ideia da manifestação é ter mais direitos dentro da profissão.

Lutamos por direitos, vamos fazer a Zona Padrão Fifa e não terá baderna e nem confusão. Queremos o nosso espaço, já conseguimos muitas coisas. Várias meninas conseguiram curso de inglês, a ideia é que continue”, disse.

Estudantes da UFMG, que também apoiaram a manifestação e colocaram em “quadra” o “Delicinha Futebol Clube”, também ajudaram na organização da “pelada”. Segundo a estudante de Ciências Sociais Vanessa Sander, a causa é justa.

“A gente apoia sim, prostituição é um trabalho digno, tem gente que acha falta de vergonha, mas elas não têm muitos direitos e trabalham em condições ruins. Então temos que apoiar”, confirmou.

“É algo simbólico o que estamos fazendo. Uma Copa do Mundo aqui no Brasil, a gente joga bola na rua, queremos além de apoiar as prostitutas, mostrar que não concordamos com várias coisas que estão acontecendo”, disse o estudante Marcelo Borel.

ma missionária evangélica, Quésede Eger, que trabalha na Casa Jocum, também apoiou a causa. Ela disse que luta para valorizar as mulheres que trabalham nos prostíbulos. “Queremos o ser humano valorizado. Não é pela profissão delas que estamos aqui, mas para que elas sejam respeitadas, elas são amadas por Deus. Não estamos aqui a favor da prostituição, mas sim dos direitos humanos”, disse.

A partida começou. Os estudantes da UFMG começaram o jogo melhor, mas as prostitutas completadas por missionárias da Casa Jocum conseguiram a reação. Curiosos serviram de gandulas em alguns momentos e técnicos em outros. O resultado, porém, foi muito maior que o empate em 6 a 6.

O festival de risadas das cerca de 300 pessoas que ficaram ao redor da quadra assistindo a pelada, além da sensação de dever cumprido ao conseguir o objetivo de dar o grito de forma bem-humorada, e sem violência, valeu muito para as mulheres de Aspromig.

Apesar dos vários curiosos que pararam para assistir a partida e o bom resultado do protesto, Maria Aparecida lamentou o pouco número de prostitutas na rua para juntar ao movimento. “Conseguimos o objetivo. Vamos fazer outros. É um protesto com bom humor, sem violência. Hoje já iniciou uma união, não tivemos muitas meninas aqui, pois algumas têm medo da mídia, e também escondem de seus familiares, são casadas e têm filhos. Mas já demos o primeiro passo”, finalizou.

Marcellus Madureira Rodrigues de Oliveira

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