Entre as muitas falas dos moradores de Planaltina, na sessão da Câmara realizada nesta quarta (16) no Ginásio de Múltiplas Funções, uma questão foi a mais citada: a derrubada das residências de 60 famílias que moravam no bairro Horta Comunitária, pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis). Várias crianças, filhas dos moradores, ostentavam cartazes alusivos ao tema.
“Os moradores estavam negociando com a Agefis a regularização das moradias e agora esse governo deixa essas famílias sem teto, morando de favor na casa de amigos, sendo que várias pessoas estão desempregadas”, comentou Renata Rodrigues, do Movimento pela Habitação e Regularização, a primeira das 40 pessoas inscritas para ocupar o microfone.
O Horta Comunitária, localizado às margens do Córrego do Atoleiro, já serviu de experimento para um grupo de educadores que tentou implantar estratégias de sensibilização ambiental, mobilização e gestão participativa, começando com o tratamento do lixo para evitar a poluição do córrego. Renata disse que nas proximidades estão sendo levantados casarões em área irregular, “sem que o governo faça nada”.
Segundo Jefferson Guimarães, outro a se pronunciar, “tudo em Planaltina é por último”. Ele acha que a cidade é a última das prioridades das autoridades e referiu-se em particular à Vila Olímpica, abandonada desde 2007.
Carlos Henrique Moraes, professor do Esporte à Meia Noite, reclamou que o programa está esvaziado e em vias de extinção. Dos 12 profissionais com que contava, a equipe foi reduzida a três professores de educação física. Os policiais foram retirados, trazendo insegurança aos frequentadores.
“Para os jovens que participam, essa é a única política pública de que se beneficiam”, lamentou o professor, lembrando que o programa já foi referência mundial em políticas de combate à violência entre jovens. O assunto será debatido na Comissão Geral que a Câmara realiza amanhã (17) no plenário da Casa, a partir das 15 horas, por iniciativa do deputado Chico Leite (PT).
Davi Santos, do conjunto Arapongas, denunciou que há no local uma rede de esgoto construída há mais de dez anos, sem funcionar por falta de autorização. Também quis comentar o pacote de medidas do governo Rollemberg para enfrentar a crise financeira. “Vai fazer com que muita gente queira mudar de Brasília”, afirmou.
Durante a sessão, os moradores trataram da ausência de abrigos de ônibus e apontaram problemas transporte, educação e saúde. Foi cobrada a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) prometida pelo governo passado e uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que não existe na cidade. A sessão se prolongou até por volta das 19 horas.
Zínia Araripe