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Protesto contra tarifa começa tranquilo, mas para manter a regra acaba em confusão

Após faltar à reunião com representantes de Estado, Prefeitura e Ministério Público e recuar ao divulgar o trajeto de suas manifestações, o Movimento Passe Livre (MPL) realizou na noite desta quinta-feira, 14, o terceiro ato contra o reajuste da tarifa de ônibus, trem e metrô. Debaixo de chuva, os manifestantes foram acompanhados por escolta policial reforçada nas duas passeatas realizadas em São Paulo. Até as 21 horas, era forte o clima de tensão e houve depredação da bilheteria da Estação Consolação do Metrô. Duas pessoas foram detida na Estação Butantã.

A Polícia Militar aceitou os trajetos informados pelo MPL às 15 horas e considerou ter havido aviso prévio. O Estado apurou que a cúpula da Polícia Civil, que monitorou os atos, considera que os manifestantes nesta quinta tentaram evitar protagonizar episódios de violência para afastar a imagem de vândalos.

A concentração das passeatas teve início às 17 horas no Teatro Municipal, na região central, e no Largo da Batata, na zona oeste.

O primeiro grupo passou pela Prefeitura e Secretaria da Segurança Pública, de onde o chefe da pasta, Alexandre de Moraes, acompanhou a passeata pela janela. Dois membros de coletivos presentes no ato, o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino Prazeres, e o tenente-coronel Marcio Streifinger concordaram em seguir o ato como divulgado pelo MPL: vão seguir do Teatro para a Rua Líbero Badaró e subir a Avenida Brigadeiro Luís Antônio. O ato foi finalizado no vão livre do Masp, na Avenida Paulista.

A segunda parte dos manifestantes saiu de Pinheiros e encerrou a passeata no Butantã, onde houve princípio de tumulto na estação de metrô.

Pelo caminho das duas passeatas, mascarados foram à frente da multidão. A PM também acompanhou os manifestantes nos dois trajetos e não precisou intervir. De acordo com o MPL, foram 6 mil pessoas no ato do centro e 5 mil na zona oeste. A PM estimou apenas o público da região central, em 2,5 mil pessoas.

Segurança – Todos os passageiros que deixavam a Estação Faria Lima eram revistados. “Achei uma frescura. Nem todos os passageiros vão participar do protesto. Apesar de eu achar um roubo cobrar R$ 3,80, não vou nas manifestações porque acho muito violento. Teria de ser mais civilizado para a população inteira participar”, disse Olinda Sheron Gomes, de 20 anos, que mora no Grajaú, no extremo sul da capital, e teve a bolsa aberta por uma PM durante a revista. “Pego a CPTM todo dia e é uma zona. Claro que o preço é muito caro”, afirmou.

Segundo o porta-voz do MPL, Vitor dos Santos, porém, é a PM quem foi violenta no ato de terça-feira e ressaltou a importância de o grupo divulgar o trajeto. “Não estamos dispostos a ficar tendo conversinha de gabinete com quem manda a polícia bater, e bater violentamente. O governo veio dizer que está aberto ao diálogo, mas esse é um discurso muito hipócrita”, disse Santos.

Desrespeito – Pela manhã, o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que o MPL age de forma “antidemocrática” e “desrespeitosa” por não divulgar previamente o trajeto das manifestações em São Paulo e por ter “se negado ao diálogo”.

O procurador-geral Márcio Elias Rosa propôs que haja uma reunião prévia com o MPL e, posteriormente, com governo do Estado e Prefeitura. O MPE foi procurado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que tenta pacificar os protestos e evitar que as ruas se transformem em um palco de guerra entre PM e manifestantes. Uma nova mediação foi marcada para a próxima segunda-feira, às 10 horas.

“É um verdadeiro desrespeito o que esse movimento está fazendo com a população de São Paulo”, disse o secretário, referindo-se à falta de divulgação do percurso com antecedência. Para Moraes, o MPL tem uma atitude antidemocrática por desrespeitar a Constituição Federal. “Além de não comunicar (o trajeto), não há nada mais antidemocrático do que se negar ao diálogo”, disse.

O próximo ato será na terça-feira, às 19 horas, no cruzamento da Avenida Rebouças com a Avenida Faria Lima, na zona oeste da capital.

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