José Seabra
Os tucanos decidiram fazer um contraponto na base aliada. A partir de agora o discurso do PSDB será em defesa dos atos do juiz Sérgio Moro, das 10 medidas anticorrupção e da Lava Jato.
O partido decidiu ouvir a voz das ruas. Dá uma guinada para a esquerda, de olho nas eleições de 2018. Quer levar a reboque outras legendas com as quais tenha mais identidade, se não de ideologia, de projetos.
Aécio Neves conversou com Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes Ferreira sobre o assunto.
José Serra, o chanceler desgastado no ninho tucano, está fora da conversa. A terça-feira, 6, pode apresentar novidades nas tribunas da Câmara e do Senado.
Essa nova posição foi discutida pela cúpula do tucanato. Aécio Neves recebeu o aval para deslanchar o gesto de afastamento (por ora incipiente), do Palácio do Planalto. Cassio Cunha Lima ficou encarregado de apresentar a situação aos emplumados nordestinos.
A ordem é abraçar Moro, como fizeram as bancadas dos Democratas. Pode vir daí o resgate de uma antiga dobradinha. O DEM tem crescido muito em um mundo político de incertezas. Os experientes Aécio, FHC e Alckmin sabem disso.
Centro-esquerda e direita caminham para estar de mãos dadas na eleição presidencial. A aliança, se acontecer, será a nível nacional. Para ter sucesso, PSDB e DEM decidiram que as legendas se apresentarão como sinônimo de Sérgio Moro, Lava Jato e 10 medidas anticorrupção.
Na prática, a postura tucana empareda o presidente Michel Temer, que permanece do lado daqueles que temem o Poder Judiciário e o Ministério Público. Renan Calheiros, que comanda esse grupo, será crucificado como um novo Eduardo Cunha.
Chegou a hora do voo solo. É isso ou ter as asas cortadas.