O PSL – partido do presidente Jair Bolsonaro – quer controlar as sessões no plenário da Câmara na marra. A acusação é de deputados da oposição, que se mostram indignados com a postura de colegas do maior partido da base aliada.
A oposição aponta o surgimento de um novo tipo de “pianista”. São listas de oradores para os debates, que aparecem com os nomes de vários deputados do PSL assinados com a mesma letra.
“Além de uma fraude, já que não é permitido que deputados assinem pelos outros, isso atrapalharia o debate e o direto ao contraditório”, acusa o deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MS). “É uma forma do governo tomar na marra o controle da sessão”, explicou.
Na folha de inscrições desta terça, 26, cinco deputados do PSL aparecem em sequência, todos assinados com a mesma letra: Carla Zambelli, Alexandre Frota, Coronel Tadeu, Coronel Chrisóstomo e Daniel Silveira.
A oposição promete levar o caso ao Conselho de Ética da Câmara, lembrando que “pianistas” já foram cassados em outros carnavais. “O decoro é muito mais evidente. Isso altera o funcionamento da Casa”, acrescentou Nogueira.
Para quem não lembra, “pianistas” são chamados os deputados que votavam por colegas ausentes. O último caso foi em 1998, quando José Borba (PTB-PR) foi flagrado votando por Valdomiro Meger (PFL-PR) em três ocasiões. A CCJ chegou a aprovar a cassação de ambos, mas o caso nunca chegou ao plenário.
“Se o presidente (Rodrigo Maia) não tomar nenhuma medida, isso vai virar moda. Já é um desgoverno no Executivo, não pode chegar também no Legislativo”, disse Nogueira. A deputada Geovania de Sá, que conduzia a sessão, ao ser avisada do caso, disse que “não houve má fé” e prometeu levar a situação ao conhecimento de Maia.