Marta Nobre
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deve ser notificado no decorrer desta terça, 6, da decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, de afastá-lo da presidência do Senado. A partir daí, Jorge Viana (PT-AC) assume o comando da Casa. E tudo – ou nada – pode acontecer.
Jorge é um moderado nas hostes petistas. Mas está sendo pressionado pela ala do quanto pior melhor do partido a incendiar a crise. É o caso de Lindbergh Faria, do Rio de Janeiro. Crítico ferrenho de Michel Temer, o senador fluminense avalia que é chegada a hora de dar o troco e encurralar o presidente da República.
Após encontro com Renan na noite da segunda-feira, 5, na Península dos Ministros – onde fica a residência oficial do Senado – Jorge Viana, ainda vice-presidente da Casa, afirmou que o País vive uma “crise institucional gravíssima”, aprofundada com a decisão de tirar Renan do comando do Legislativo.
– Não tenho ideia do que farei (caso assuma o posto) na presidência do Senado (sobre a pauta de votações). É uma situação muito grave, é uma crise institucional gravíssima que o país está vivendo”, afirmou o senador pelo Acre.
Na semana passada, um acordo de líderes (incluindo o PT e outras legendas de oposição a Temer, a exemplo da Rede, PDT e PV) pautou para esta terça-feira a votação da PEC dos Gastos Públicos. É a maior cartada de Temer para colocar o Brasil nos trilhos. Mas, como há um comando novo, as ordens podem ser outras. E Jorge Viana pode simplesmente tirar o tema da pauta.
Esse é o maior risco para o Palácio do Planalto. O PT, defenestrado da Presidência da República há poucos meses, pode ir à forra. Pode mesmo usar como argumento o clamor das ruas. As próximas horas serão de tensão. E como diz o próprio Jorge Viana, o quadro é de nuvens negras. Se a tempestade cair, será um Deus nos acuda.