Ricardo Galhardo
As novas denúncias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reveladas pela chamada lista de Fachin e pela delação do empreiteiro José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, da OAS, devem adiar mais uma vez o debate profundo no PT sobre corrupção.
Desde que o escândalo do mensalão eclodiu, em 2005, setores do PT tentam discutir a fundo a questão da corrupção no partido, mas as tentativas sempre foram barradas. Havia a expectativa de que, com a ampliação da crise provocada pela Operação Lava Jato, o 6º Congresso do PT, marcado para o início de junho, fosse finalmente o palco desta discussão.
Lideranças importantes como o ex-ministro Tarso Genro e o presidente do PT, Rui Falcão, defenderam em entrevistas, no ano passado, que o partido separasse quem agiu em nome da legenda, como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, dos acusados de enriquecimento pessoal, como os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci.
Segundo fontes petistas, o teor das novas denúncias contra Lula, que incluem ajuda a filho, sobrinho, irmão, além de confortos pessoais como a reforma do sítio em Atibaia e o triplex do Guarujá, causam grande embaraço ao partido, que já não tem mais a possibilidade de “separar o joio do trigo” sem atingir sua principal liderança. Ao contrário, a tendência é de que o 6.º Congresso Nacional do PT deixe o combate à corrupção em segundo plano e se transforme em um grande ato de defesa de Lula.
“Qualquer manifestação sobre isso só será viável depois que forem esclarecidos os vazamentos seletivos, que foram feitos até agora, que tem obstruído o direito de defesa do presidente e a visível indução de várias delações premiadas, pela quais foram feitos intercâmbios de incriminação em troca de reduções de pena A forma de ‘exceção’, com que estão sendo conduzidos os inquéritos e os processos não autorizam uma opinião responsável sobre estes assuntos”, disse Tarso.