Ana Fernandes
O presidente do PT Municipal em São Paulo, Paulo Fiorillo, afirma que a prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), ocorrida na quarta-feira, 25, em uma operação da Polícia Federal, causa preocupação pelo impacto que terá nas eleições do ano que vem.
A reeleição de Fernando Haddad é prioritária para o partido. Desgastado com a Lava Jato e com a baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff, manter o governo na maior prefeitura do País seria uma vitória importante para os petistas. “É óbvio que foi algo impactante e que estamos acompanhando para entender exatamente o que aconteceu e os desdobramentos. Estamos preocupados como todo mundo está”, disse Fiorillo ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado.
Para o dirigente, o PT e a futura campanha de Haddad devem reforçar o diálogo com a população para separar o que são erros de indivíduos da instituição Partido dos Trabalhadores. “Se tem pessoas que erraram, elas vão ser punidas, mas tem que separar da instituição que é o partido, que promoveu políticas públicas importantes no País e aqui na capital. Esse é o legado do PT”, afirmou.
Entre outras obras da gestão, Fiorillo acredita que Haddad deve citar medidas de combate à corrupção como uma vacina contra o discurso de que o PT está marcado por casos de desvios éticos. “Além das políticas públicas que mudaram a vida das pessoas na cidade, como ações na área da saúde, mobilidade, o passe livre para estudantes de baixa renda e desempregados, o Haddad implantou a Controladoria (Geral do Município), entre outras medidas de combate à corrupção. Isso vai ser um diferencial.”
Fiorillo admite que será difícil construir esse discurso para o eleitorado, mas acha factível, apesar do que chama de campanha da mídia pelo desgaste da legenda. “Claro que não é fácil dialogar com todos e tem uma parcela da sociedade que pode não ter o mesmo entendimento de separar as coisas, mas com toda a crise o PT ainda tem a marca do legado social”, defendeu.
Afastamento do partido – O petista disse não ver um afastamento de Haddad do partido para se descolar do desgaste da legenda. “A imagem do PT preocupa, mas ainda é o partido com maior recall entre o eleitorado, com toda a crise”, disse. E destacou que Haddad tem dialogado com o PT municipal.
O dirigente admite que secretários e pessoas de confiança de Haddad podem estar traçando estratégias para o ano que vem separadamente do partido, mas considerou o movimento natural. “Pode até haver estratégias se desenhando separadamente, porque existem visões diferentes. Ainda não sentamos todos na mesma sala, na mesma mesa, até o ano que vem isso vai se alinhando.”