Ricardo Brandt, Julia Affonso e Mateus Coutinho
Rastreando as comunicações do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht, os investigadores da Operação Omertà localizaram anotações sobre ‘Guerrilheiro’ e lançamentos de valores supostamente relativos a propinas pagas a este personagem, cuja identidade ainda não foi apurada. Um repasse foi no valor de R$ 20 mil, realizado em São Paulo. Outro, de US$ 50 mil, no Uruguai.
Os pagamentos teriam ocorrido em julho de 2004. Em e-mail trocado entre Marcelo Odebrecht, BJ, Bira e Henrique Valladares, no dia 6 de julho de 2004, tendo como assunto “programação extra”, BJ pede para “Bira programar para semana que segue R$ 20 mil para Guerrilheiro, em São Paulo, e US$ 50 mil para Guerrilheiro, em Montevidéu, Uruguai”, assinala relatório da Omertà.
Omertà, deflagrada nesta segunda-feira, 26, levou à prisão o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma), por suspeita de recebimento de ao menos R$ 128 milhões da empreiteira – parte do montante teria sido destinada ao PT.
Nas mensagens por celular e também por email capturadas nos arquivos dos alvos da Omertà, inclusive Marcelo Odebrecht – preso desde 19 de junho de 2015, na Operação Erga Omnes, desdobramento da Lava Jato – os investigadores encontraram milhares de citações a agentes públicos, políticos e personagens identificados apenas por codinomes. Um deles é o “Guerrilheiro”.