Água no chopp no PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira, que davam como favas contadas até a noite do domingo, 23, a nomeação da sua indicada Margareth Coelho para a presidência da Caixa. A reviravolta veio com a entrada de Dilma Roussef nas negociações. A ex-presidente, que comanda o poderoso Brics (banco que te como principais acionistas Brasil, Rússia, China. Índia e África do Sul) ) sinalizou que o melhor nome é o de Miriam Belchior.
Nos corredores do Palácio do Planalto, essa ideia ganhou ainda mais força após a declaração de Lula, feita a sindicalistas paulistas, que Bolsonaro foi derrotado, mas os bolsonaristas continuam circulando por aí. Por aí, significa o governo dele. E as raízes do bolsonarismo estão mais fincadas justamente nos gabinetes da Caixa Econômica Federal.
Esse quadro ganha novos contornos com a saída de Jailton Zanon da Silveira do jurídico da CEF. Na formação deste terceiro governo Lula, ele articulou para que Rita Serrano se apresentasse como representante dos trabalhadores no Conselho de Administração. Daí ela virar presidente do maior banco público da América Latina, foi um passo. Mas o perfil de conselheira de Rita não se encaixou no de uma gestora. E sua cabeça foi colocada a prêmio.
Apesar de seu notório esforço para administrar a gigante empresa pública, Rita teve vertigens ao olhar para baixo da altura em que estava. Erroneamente se prendeu a bolsonaristas levados para a Caixa por Pedro Guimarães, o Assediador. O ex-presidente responde a diferentes tipos de acusações e ações na justiça. E deixou lá, germinando para colher frutos doces, a semente que atende pelo nome de Júlio Cesar Volpp Sierra, apadrinhado do clã Bolsonaro, mantido por Rita como vice-presidente da Rede Varejo.
Rita errou ao, digamos assim, praticar seu pecado capital, ao tentou usar a experiência daqueles que apenas ajudaram o candidato à reeleição ao Palácio do Planalto. Agindo contra o candidato vitorioso Lula, o grupo bolsonarista remanescente utilizou-se, ainda na campanha, da capilaridade e estrutura da instituição para fazer campanha de forma irregular. A tentativa de Rita em agradar a gregos e troianos não deu certo. Ela comprou desgaste com quem não devia e agora não se sabe qual será seu destino. A única certeza é que deixará a cadeira que ocupa atualmente.
Contudo, o mais importante é saber quem a sucederá. O Centrão está de olho nos melhores cargos e tal posição é de muito prestígio e interesse, principalmente do PP. Ciro Nogueira, fisiológico, acenou com apoio ao Palácio do Planalto, mas quer ver Margareth na vaga a ser aberta. Mas a moeda de troca tem as digitais bolsonaristas. Afinal, a ex-parlamentar, derrotada nas urnas, integrou o grupo de mulheres de extrema-direita, ao lado de Michelle, Damares e Celina Leão, que circulou de jatinho pelo Norte do País pedindo votos no segundo turno para o mito de barro.
Não sendo conveniente trocar uma gestora por um homem – até porque, Lula prometeu que as representantes do ‘sexo frágil’ teriam muito espaço no governo -, cogita-se em princípio abandonar tradicionais nomes. Tanto, que o próprio Jailton já vem montando em sua cabeça a próxima diretoria, vislumbrando, ele mesmo, retornar ao jurídico. O problema será indicar figuras icônicas do bolsonarismo com vasta coleção de fotografias com o dito mito nas redes sociais. Ou seja, não basta ser mulher. Tem que ser alguém sem elos com o fracassado mandato anterior.
Nesse caso, entendemos não restar mais alternativa do que manter a Caixa ligada a pessoas mais próximas de Lula. O melhor nome sem sombra de dúvidas, dentro do PT, é o da atual articuladora do novo PAC e Secretária-Executiva da Casa Civil da Presidência da República, Miriam Aparecida Belchior. Além de já ter sido por mais de ano a presidente da Caixa antes do fatídico golpe contra Dilma, Miriam prestou sempre os melhores serviços como professora e servidora pública. Destaque-se ainda o período em que foi ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, quando coordenava os projetos do governo e liberava fundos aos Estados e Municípios.
Também pesa para avalizar o nome o fato de Miriam ser próxima não apenas de Lula, mas também ter fortes ligações com a ex-presidente Dilma. Competência ela já demonstrou que tem por onde passou. E saberá, consequentemente, conduzir a Caixa como principal agente na implementação de políticas públicas do governo federal e quiçá com parceria internacional com o Brics, o banco que uniu o Brasil a potências como Rússia e China, e que agora, mais do que nunca, se volta para investir no social, gerando emprego e renda tão necessários à sobrevivência da classe trabalhadora.
Quanto a Ciro Nogueira, Arthur Lira e seu Centrão, eles podem apontar sua metralhadora giratória para outros filões. A ECT, por exemplo, está acéfala. E Fabiano, apesar de bom jurista, de carta, só entende mesmo daquelas a que costumam chamar de precatórias.