O PT vai denunciar o que considera uma “caçada” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia é vincular as notícias negativas sobre Lula a uma tentativa da oposição e de “setores conservadores” da sociedade de inviabilizar sua candidatura ao Palácio do Planalto, na eleição de 2018.
A ação de busca e apreensão da Polícia Federal na empresa de Luís Cláudio, filho mais novo de Lula, acabará mudando o foco da reunião da Executiva do PT -, que ocorre nesta quarta-feira, em Brasília, 28, e também do encontro do Diretório Nacional da sigla, marcado para quinta-feira.
Embora a pauta petista ainda preveja discussões sobre mudanças na política econômica e a posição do partido em relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – suspeito de esconder contas secretas na Suíça com dinheiro desviado da Petrobras -, a defesa de Lula, do PT e do projeto político deve acabar ofuscando outras polêmicas. O ex-presidente participará da reunião do Diretório Nacional. A presidente Dilma Rousseff também foi convidada para o encontro.
Apesar das cobranças de oito correntes do PT, a cúpula do partido não vai fechar questão pela condenação de Cunha no Conselho de Ética da Câmara. A ideia é ganhar tempo para não provocar o deputado, que tem em mãos o poder de deflagrar o processo de impeachment de Dilma.
Nesta terça-feira, a presidente comandou uma estratégia de reaproximação com Lula, evitando que a crise política se agravasse ainda mais. Um dia depois de Lula ter culpado a sucessora pela operação de busca e apreensão da Polícia Federal na empresa LFT Marketing Esportivo, de seu filho caçula, o governo entrou em cena para impedir que a guerra interna no PT atingisse o ápice, contaminando o relacionamento entre criador e criatura.
Dilma participou da festa de 70 anos do presidente, no Instituto Lula, levando a tiracolo ministros e amigos de seu padrinho político. “Somos todos filhos do Lula”, disse o presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, em mensagem enviada pelo aniversário do ex-presidente.
Emídio deu o tom de como será a solidariedade do partido ao fundador do PT, batendo na tecla do combate ao ódio e à intolerância. “A caçada a Lula vem antes do PT, prosseguiu quando criou o partido, aumentou quando resolveu disputar o poder, amainou-se durante os anos da Presidência e voltou com força descomunal nesse tempo de império do ódio (…)”, comentou o presidente do PT paulista.
Lula não perdoa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e há tempos pede sua saída do cargo, sob a alegação de que ele não controla a Polícia Federal. O coro contra Cardozo, puxado pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), grupo de Lula, majoritário no PT, deve ser retomado nas reuniões da sigla, em Brasília.
A tendência Mensagem ao Partido, que tem Cardozo entre seus integrantes, argumenta que, em vez de discutir a saída do ministro, o PT deveria pedir a cabeça de Eduardo Cunha.
Dilma não aceita a pressão para tirar o ministro da Justiça. A pedido da presidente, o titular da Casa Civil, Jaques Wagner, tenta desde a semana passada, sem sucesso, marcar um encontro entre Lula e Cardozo.