Aconteceu no amanhecer desta quinta-feira, 24 (início da madrugada no Brasil) o que o Ocidente mais temia: a invasão da Ucrânia pela Rússia. Instalações militares foram bombardeadas causando perdas acentuadas. A capital Kiev, se Vladimir Putin, presidente russo, quiser, pode ser tomada nas próximas horas.
Os Estados Unidos, a União Europeia e a Otan criticaram a invasão. Mas Putin foi curto e grosso na resposta: “A Rússia está pronta para responder imediatamente àqueles que interferirem e criarem mais ameaças, Quem sair em socorro do governo ucraniano sofrerá as consequências”, advertiu.
Em pronunciamento à nação russa, Putin observou que a máquina de guerra aliada da Otan que apoia os neonazistas na Ucrânia está se movendo e se aproximando das fronteiras da Rússia.
“Os países líderes da Otan perseguem seu próprio objetivo apoiando totalmente os nazistas e neonazistas extremistas da Ucrânia, que, por sua vez, nunca perdoarão o povo da Crimeia e Sebastopol por sua livre escolha de se reunir com a Rússia”, disse o presidente russo.
“Eles (os exércitos europeu) tentarão ir, é claro, para a Crimeia, como para o Donbass, do jeito que eles fazem, para matar, como os executores dos bandos de nazistas ucranianos partidários de Hitler estavam matando pessoas inocentes durante a Segunda Guerra Mundial”. Mas, avisou Putin, os mísseis russos estão apontados para alvos marcados em toda a Europa.
Putin enfatizou que a Rússia, nos últimos 30 anos, vem tentando negociar a não expansão da Otan para o leste, apesar de enfrentar fraudes e chantagens. Ele também reconheceu que um confronto russo com as forças nacionalistas ucranianas é “inevitável”.
“Agora, eles também querem possuir armas nucleares”, disse ele, referindo-se à afirmação do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de que Kiev pode reconsiderar o status não nuclear do país sob o Memorando de Budapeste de 1994. “Nós não vamos deixá-los fazer isso”.
As forças russas não têm intenção de ocupar a Ucrânia, observou Putin. No entanto, a Rússia se defenderá se for necessário.
O presidente russo teve tempo para se dirigir às forças ucranianas, pedindo aos militares de Kiev que deponham as armas e lembrem-se de que prestaram juramento ao povo, não a uma junta.
“As circunstâncias nos fazem tomar medidas decisivas e imediatas. As repúblicas populares de Donbass pediram ajuda à Rússia”, disse Putin. ” este respeito, de acordo com o Artigo 51, Parte 7 da Carta da ONU, com a sanção do Conselho da Federação e em cumprimento dos tratados de amizade e assistência mútua com a DPR e LPR, ratificados pela Assembleia Federal, decidi conduzir uma operação militar especial”.
Putin disse que, embora a política seja um negócio sujo, as ações da Otan são contrárias à moralidade e a Rússia não pode se desenvolver, se sentir segura ou existir com ameaças constantes da Ucrânia.
“Lembramos que em 2000 e 2005 demos uma repulsa militar aos terroristas no Cáucaso. Defendemos a integridade do nosso Estado, preservamos a Rússia”, destacou o presidente russo. “Em 2014, eles apoiaram os moradores da Crimeia e Sebastopol. Em 2015, as forças armadas foram usadas para colocar uma barreira confiável à penetração de terroristas da Síria na Rússia”.
Putin observou que a Rússia não tinha outra opção a não ser se proteger na época, e “a mesma coisa está acontecendo agora”.
“Tratamos com respeito e também trataremos todos os países recém-formados no espaço pós-soviético. Respeitamos e continuaremos a respeitar sua soberania”, disse o presidente russo, destacando a assistência que a Rússia estendeu no início deste ano ao Cazaquistão em meio a cada vez mais protestos violentos.
Os comentários do presidente russo na manhã desta quinta-feira ocorreram ao lado de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas que já estava em andamento. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, abriu a reunião alegando que estava “errado” em não acreditar nos rumores de uma “invasão” russa da Ucrânia.