O canal de TV Rossiya 1, o principal da Rússia, mostrou há pouco mais de uma semana o presidente Vladimir Putin num documentário ao povo russo sobre os eventos do período recente, incluindo a reintegração da Crimeia, o golpe de Estado dos EUA na Ucrânia, e o estado geral das relações com os EUA e a UE.
Putin falou com franqueza. Em sua fala à TV, o ex-chefe da KGB russa disparou uma bomba política, algo de que a inteligência russa já sabia há duas décadas.
Putin disse sem meias palavras que, pela avaliação dele, o ocidente só se daria por satisfeito se encontrasse uma Rússia fraca, sofrendo e implorando misericórdia ao oeste, o que, bem evidentemente, o país não está disposto a fazer.
Adiante, pouco depois, o presidente russo disse, pela primeira vez publicamente, algo de que a inteligência russa já sabia há quase duas décadas mas mantivera em silêncio até agora, talvez com esperanças de uma era de relações mais normais entre Rússia e EUA.
Putin disse que o terror na Chechênia e no Cáucaso russo no início dos anos 90 foi ativamente apoiado pela CIA e pelos serviços ocidentais de inteligência, deliberadamente para enfraquecer a Rússia. Disse que os serviços de inteligência do Gabinete de Relações Internacionais da Rússia encontraram provas do papel clandestino dos EUA naquelas ações, sem dar detalhes.
O que Putin, que foi oficial do mais alto nível da inteligência da Rússia, apenas sugeriu nos seus comentários, eu já havia relatado detalhadamente, colhido de fontes não russas. Aquele relatório teve implicações imensas, porque revelou ao mundo a agenda clandestina de círculos muito influentes em Washington, dedicados a destruir a Rússia como estado soberano funcional, agenda que inclui o golpe dos neonazistas na Ucrânia e severa ação de guerra financeira contra Moscou.
William Engdahl