A qualidade do ar está piorando na maioria das cidades do mundo, revelou um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta quarta-feira (07/05). Quase 90% da população urbana mundial respira um ar cujo grau de poluição está acima dos níveis de segurança.
No Brasil, das 40 cidades analisadas, apenas em Salvador, na Bahia, a média anual de partículas inaláveis ficou abaixo do limite de 20 microgramas por metro cúbico estabelecido pela OMS.
“Em muitos centros urbanos, o ar está tão poluído que é impossível ver os prédios no horizonte”, afirma a diretora-geral adjunta da OMS para a Saúde da Família, Criança e Mulher, Flavia Bustreo. É perigoso respirar esse ar, destaca.
O relatório mediu a poluição em 1.600 cidades de 91 países do mundo, entre 2008 e 2012, sendo a maioria dos dados de 2011. Somente 12% dos habitantes das cidades analisadas vivem dentro dos níveis de poluição seguros estabelecidos pela OMS.
Cerca da metade da população urbana monitorada vive em regiões onde os níveis ultrapassam pelo menos 2,5 vezes o limite, acarretando grandes riscos para a saúde. As regiões mais poluídas ficam na África e na Ásia. A média mundial de partículas inaláveis registrada ficou em 71 microgramas por metro cúbico.
Na América Latina, a média ficou em 51 microgramas por metro cúbico. No Brasil, as cidades mais poluídas são Santa Gertrudes, no interior de São Paulo, onde foi registrada uma concentração de 81 microgramas por metro cúbico, seguida pelo Rio de Janeiro (67 microgramas por metro cúbico) e Belo Horizonte (52 microgramas por metro cúbico).
Entre as cidades brasileiras ncluídas no estudo, as de ar mais limpo são Salvador da Bahia (17 microgramas por metro cúbico), Marília (21 microgramas por metro cúbico) e Presidente Prudente (22 microgramas por metro cúbico), ambas em São Paulo.
O aumento da concentração de partículas inaláveis no ar está ligado ao uso de combustíveis fósseis, o aumento dos veículos motorizados nas cidades, a utilização ineficiente da energia em habitações e à utilização de biomassa para o aquecimento e na cozinha.
Em 2012, a poluição do ar foi responsável pela morte de cerca de 3,7 milhões de pessoas abaixo dos 60 anos, segundo a OMS. O elevado número de partículas sólidas finas e pequenas é associado ao aumento de morte por doenças cardíacas e respiratórias, acidente vascular cerebral (AVC) e câncer.
Para a OMS, é possível mudar o quadro atual. “Podemos vencer a luta contra a poluição do ar e reduzir o número de pessoas que sofrem de doenças respiratórias e cardíacas, além de câncer de pulmão”, afirma a diretora de Saúde Pública da organização, Maria Neira.
A especialista cita como exemplo a capital colombiana, Bogotá, que conseguiu melhorar a qualidade do ar ao aprimorar significativamente o transporte coletivo e a oferta para ciclistas e pedestres. Copenhague, capital da Dinamarca, também atingiu bons resultados ao incentivar o uso da bicicleta.
Segundo a OMS, políticas públicas voltadas para melhorar o transporte coletivo, incentivar o uso da bicicleta, reduzir a utilização de carvão para aquecimento e promover a produção de energia a partir de fontes renováveis são essenciais para melhorar a qualidade do ar nas cidades.