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Orlando Fala Fina

Quando a falta de grana frustra sonho amoroso

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução das Redes Sociais/PNGWing

Orlando, que era Silva que nem o famoso cantor, falava fino com as mulheres da sua vida. Havia sido assim com a mãe, com as tias, com as irmãs e até com a avó, que lhe fazia doces e afagos quando menino. Quanto ao pai, um traste. Não que fosse diferente dos demais homens da família, pois todos eram como cópias mal-ajambradas uns dos outros.

Por conta de tais influências, o homem, ora era polido, ora se travestia de bruto, ainda mais quando dava ouvidos aos tios e, em especial, ao genitor. De tanto escutar que lugar de mulher é na cozinha, procurou uma que não trabalhasse fora. O problema é que, após algum tempo, todas buscavam coisas novas, inclusive a Rtinha que, agora, queria até fazer faculdade. Pois é, para você ver! Faculdade!

Mas a Ritinha era a atual, mas não se sabe até quando. Quanto à Janete, a primeira, não aguentou um mês de namoro. Tratou logo de arrumar um emprego do outro lado da cidade. E não é que em pouco tempo já ganhava mais que o namorado?

– Isso não pode!, Orlando ouviu do pai.

Para não ficar mal com o velho, Orlando quis falar grosso com a Janete. Que nada! Assim que começou a subir o tom, levou logo um passa-fora. Lá se foi a Janete, que, parece, começou a sair com um colega do serviço. Vê se pode?!

Houve também a Solange, que parecia mais ajuizada. Pois bem, saiu-se pior do que a primeira. A mulher, que nem era mais moça quando conheceu o nosso Orlando, ainda quis cantar de galo, como se para tal não precisasse ter gogó proeminente.

Acredite ou não, a fulaninha gostava de sair de vez em quando com as amigas. Isso mesmo! Com as amigas! Era uma pouca vergonha, todas bebendo ao redor de uma mesa de bar. Aquilo já era demais! Não durou dois meses. E olha que foi muito, graças à paciência do Orlando, que, compreensivo que era, tentou convencer a amada sobre a conduta de uma mulher correta. Não adiantou, tamanha a descompostura daquela desclassificada.

Mas voltemos à Ritinha. Pois é, ninguém lhe tirava da cabeça a ideia de fazer faculdade. Desolado, Orlando buscou os sábios conselhos do pai, como se ele tivesse algum que prestasse.

– Pai, não sei o que fazer. Só arrumo mulher que não vale nada.

– Cada um vive como dá.

– Como assim?

– Ué, às vezes, você arruma essas mulheres porque é o que cabe no seu orçamento.

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