Marcelo Lima
São centenas de quilômetros de praias, muitas delas entremeadas por trechos ainda preservados de mata nativa, sujeitas a um ritmo de especulação imobiliária que passa ao largo do verificado em grande parte do litoral brasileiro. Uma paisagem ainda tão preservada que não cansa de encantar a quem decidiu construir seu refúgio particular na região. Tanto quanto àqueles que têm o privilégio de projetar por lá.
“É fundamental que a arquitetura dialogue com o seu entorno”, considera o arquiteto Sidney Quintela, autor do projeto de uma casa na Praia do Forte, no município de Mata de São João, circundada por nada menos que uma restinga de Mata Atlântica. “Sem dúvida que esta condição determinou a opção por grandes aberturas capazes de promover a plena integração entre as áreas internas e externas”, afirma ele.
Integrar ao máximo a arquitetura a seu lugar é preocupação também presente nos projetos dos arquitetos André Pavan e Brunno Meirelles. A ponto de, como acontece em uma casa recentemente concluída em Itacaré, um pouco mais ao sul, eles trabalharem, quase que exclusivamente, com mão de obra e materiais locais. “É mais sustentável e confere maior autenticidade ao projeto”, comenta Meirelles.
“Claro que a paisagem local influenciou nosso projeto. Afinal, não é todo dia que você se depara com uma grande mata, densa e nativa nos fundos de seu quintal”, afirma a designer de interiores Renata Romeiro que, ao lado da arquiteta Cecilia Pastore, encarou o desafio de transformar duas casas em uma, na concorrida Praia do Espelho, em Trancoso.
É outro exemplo de uma convivência íntima, quase simbiótica com a paisagem, presente nas casas do litoral baiano desta matéria.