A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde é que máscaras de proteção sejam usadas apenas por quem tem suspeita de infecção por coronavírus, ou por profissionais da saúde, mas mesmo assim muita gente vem ignorando essa orientação. Tal atitude tem feito com que o estoque do equipamento de proteção se esgote rapidamente.
Nesta entrevista, o gerente de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho da Secretaria de Saúde, Ricardo Theotônio, explica quem deve usar a máscara, a forma correta de colocar e retirar o material, por quanto tempo ele deve ser utilizado e em quais situações de fato protege contra a Covid-19, a doença causada pelo novo vírus.
O médico também esclarece se existem máscaras que protegem mais do que outras e informa quando há necessidade de comprar o item. Outra dúvida que tem surgido é sobre a eficácia das máscaras feitas em casa, algo que divide os especialistas. Theotônio dá sua opinião sobre se o material protege ou não da doença.
Confira a entrevista:
Em qual situação é recomendado usar a máscara cirúrgica?
As pessoas devem usar a máscara cirúrgica quando tiver sintoma do novo coronavírus ou se for um profissional da saúde, que faz o acolhimento desses pacientes.
Qual a forma correta de colocar e retirar o material?
Quando você usa a máscara, automaticamente ela é contaminada. Então, toda vez que você coloca a mão no adereço, você contaminou essa parte do seu corpo. É preciso fazer a higienização das mãos, seja com sabão e água ou álcool gel, antes de colocar a máscara e depois que retirar. É aconselhável que as mulheres evitem o uso de maquiagem, para não manchar e diminuir a filtração e o tempo de vida útil do item e os homens tirem a barba para não atrapalhar.
O uso da máscara cirúrgica pode ser uma forma de prevenção contra a coronavírus?
Sim, mas somente quando usada por aqueles que estão com a doença, com suspeita ou por profissionais da saúde, mas não adianta só usar a máscara. Além de utilizar o adereço, as pessoas devem lavar as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool gel, evitar colocar as mãos nos olhos, nariz e boca, ou seja, tomar todas as precauções necessárias para não proliferar a doença.
Existem tipos de máscara que protegem mais e outras menos?
Temos dezenas de tipos de máscaras, depende da situação. Tem para poeira, para produto químico, por exemplo. Nesse caso, estamos falando de agente biológico. Para ele temos dois tipos de máscaras: a cirúrgica, que para algumas situações tem que ser usada ou com óculos de proteção ou protetor facial, e a N95, utilizada em situações específicas. Ela não é indicada para todo mundo. Estamos tratando de uma pandemia, e o mundo inteiro está tendo uma demanda muito grande de equipamentos de proteção individual [EPIs]. Se todo mundo usar esse tipo de equipamento, as pessoas que têm contato direto com esse agente não terão as máscaras. Mesmo que tenha dinheiro para comprar, não vai ter onde ou de quem comprar. É por isso que é importante o uso racional desse tipo de adereço. Na Secretaria de Saúde estamos com o estoque adequado de equipamentos. Iniciamos a compra emergencial e compramos quase três milhões de luvas esta semana. A expectativa é que na próxima adquiramos os outros equipamentos.
Para cada tipo de pessoa (profissionais da saúde, idosos com mais de 60 anos, pessoas imunossuprimidas, gestantes) existe uma máscara certa?
Não. As máscaras têm tamanho único. Para profissionais da saúde, a mais recomendada é a N95.
Por quanto tempo é recomendado o uso do material?
Varia. A máscara não pode ficar úmida. Se isso acontecer, em até duas horas você deve trocar. Se conseguir usar por uma manhã, não tem problema. O ideal é usar em um turno de trabalho e descartar. Caso ela tenha algum tipo de danificação, tem que trocar, mesmo que precise fazer isso em um curto espaço de tempo. Já a máscara N95 pode ser usada em até 15 dias, caso ela esteja em boas condições. É mais difícil de encontrá-la no mercado.
Depois de usar a máscara, a pessoa deve descartar? Se ela usar por menos tempo do que o recomendado, ela pode guardar?
Uma vez colocada e retirada, tem que descartar. O que temos que evitar é que essa máscara contamine os outros ambientes. Se você tirar e colocar em cima da mesa, por exemplo, o local vai estar contaminado. Se tirar e colocar no pescoço rapidamente, e depois colocá-la de volta e ela não tiver contato com nada, pode utilizar, não vai perder a eficácia. Já a N95 tem que ser guardada em um saquinho plástico.
Máscaras feitas em casa também ajudam na proteção?
Depende. As máscaras cirúrgicas e as N95 têm todas as características de filtrar. Tem que ter uma tripla proteção no meio e o tecido tem que ter uma gramatura mínima. Não é qualquer máscara que vai funcionar totalmente. Claro que qualquer máscara que você coloque vai filtrar mais do que se você não tiver com nenhuma.
Como a pessoa deve higienizá-la?
Deve lavar com água e sabão, álcool 70% ou hipoclorito – composto químico usado como desinfetante. E se, depois disso, a máscara preservar as características originais dela, pode ser reutilizada.
As pessoas estão com dificuldade para encontrar máscaras cirúrgicas. Mesmo sem suspeita de coronavírus, as pessoas devem comprar o material?
Não. Só devem comprar máscara quem tem sintomas para que ela não contamine outras pessoas, quem está com a doença ou profissionais da saúde.
É preciso usar outros equipamentos de proteção como luvas e óculos?
Não. Esses outros adereços são para os profissionais da saúde. A pessoa que está usando a máscara deve se higienizar constantemente, se hidratar, se alimentar bem e repousar.