Apenas seis reais
Que tal comprar casa (e morar) em vila italiana?
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emNo início de 2019, as autoridades de uma pequena cidade rural da Sicília, chamada Sambuca, anunciaram um plano para combater o despovoamento e atrair novos moradores: vender casas antigas e abandonadas por 1 euro (aproximadamente R$ 6,4).
Como muitas outras cidades pequenas da Europa, Sambuca, um vilarejo de 5,8 mil habitantes, sofreu um forte declínio populacional em decorrência do êxodo, à medida que seus moradores se mudaram para centros urbanos ou para o exterior.
Para enfrentar essa situação, as autoridades municipais decidiram comprar casas desocupadas e colocar as propriedades à venda por um preço simbólico no mercado internacional.
“As casas de 1 euro foram compradas pelo município primeiro. Elaboramos um regulamento, e elas foram depois postas em leilão”, explica Leonardo Ciaccio, prefeito da cidade.
Havia uma condição, no entanto, para adquirir os imóveis. Os novos proprietários teriam um prazo de três anos para reformar as propriedades, que em geral precisam de reparos caros.
A estratégia funcionou. O anúncio das “casas de 1 euro” chamou a atenção da imprensa internacional, e Sambuca ficou famosa quase da noite para o dia.
A prefeitura recebeu ofertas de pessoas interessadas no mundo inteiro.
Inicialmente, a cidade leiloou 16 propriedades — todas foram adquiridas por estrangeiros. E, desde então, mais de 40 casas foram vendidas a preços regulares.
Agora, esses imóveis se tornaram o novo lar de grupo diverso de proprietários internacionais, que já estão reformando suas casas e se mudando.
“As pessoas que compraram casas em Sambuca têm sensibilidade. Há escritores, jornalistas, atores, músicos, dançarinos, gente envolvida em política”, diz Giuseppe Cacioppo, vice-prefeito da cidade.
“São pessoas que certamente apreciam a beleza da região e da paisagem. E também a história que esses lugares ainda são capaz de contar”, acrescenta.
Estratégia de sucesso
O prefeito Leonardo Ciaccio está muito satisfeito ao ver as casas outrora vazias ganhando vida novamente.
“Tudo funcionou muito bem”, comemora.
A italiana Gloria Origgi, de Milão, conta que adquiriu uma propriedade em Sambuca em busca de um “refúgio”.
“O que me conquistou nesta vila foi, entre outras coisas, sua hospitalidade, generosidade e calor humano, de um tipo que raramente se vê neste mundo”, explica.
Após o sucesso das “casas de 1 euro” em Sambuca, outras cidades da Itália e do exterior adotaram iniciativas semelhantes para combater o despovoamento na área rural.
Para vilarejos como Sambuca, a sobrevivência pode depender de sua capacidade de atrair estrangeiros, além de convencer os migrantes locais de que vale a pena voltar.
“Saí de Sambuca quando era criança, com meus pais. Vivemos 11 anos em Chicago, e voltei para cá quando era adulta”, conta Marisa Montalbano, moradora de Sambuca.
“Demorou um tempo eu para me acostumar com a vida nova, mas depois de alguns anos, valorizo a qualidade de vida. Sambuca tem muito a oferecer, é uma cidade bonita para se viver”, recomenda.