Esta coleção não é uma fantasia. Baseia-se na necessidade humana de estar rodeado de sinais lembrando a natureza e apontando o futuro’. Em perfeita sintonia com nossos tempos, a frase acima não mereceria tamanho destaque nos dias de hoje. Não tivesse ela sido proferida por ninguém menos que o francês Philippe Starck, personagem ilustre na história do design e autor de muitos clássicos, na maioria de plástico.
“Após mais de 30 anos de pesquisa, finalmente conseguimos expressar a essência da madeira”, exulta o designer que acabou de lançar na última edição do Salão do Móvel de Milão, encerrada dia 22, quatro cadeiras no material que dialogam diretamente com a matéria plástica. Pouca madeira, quase uma lâmina, e uma base de sustentação de plástico. Eis a receita de Starck para o móvel contemporâneo. E, por certo, ele não está sozinho em suas convicções.
Retrato de uma época na qual a ideia de qualidade relacionada a um móvel se confunde com seu próprio potencial de ser sustentável, valores como ser biodegradável, reduzir o consumo energético e economizar recursos naturais puderam ser ouvidos em alto e bom som pelas ruas e pelos corredores do Salão do Móvel, em Milão, na semana passada.
E puderam ser conferidos, na prática, em mesas e cadeiras mais delicadas e delgadas, sofás e poltronas que, estrategicamente suspensos, pareciam querer comunicar toda sua leveza. Mais racionais em sua formulação, mais depurados em suas linhas, e, fundamentalmente, mais parcimoniosos no uso das matérias-primas. Uma realidade que, espera-se, tenha vindo para ficar.