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Epílogo do capitão

Quebra do sigilo bancário de Bolsonaro é só o ouro

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo/Marcello Casal JR - ABr

Estou em alfa desde a queda livre de um cidadão que, após ameaçar explodir quartéis e espaços populares, se apresentou ao distinto público brasileiro como salvador de uma pátria que ele nunca levou a sério. Do baixíssimo clero, mas com um poder de destruição acima da média da mediocridade do Parlamento brasileiro, pelo menos garantiu, por antecipação, o título de pior presidente que o Brasil já teve desde a Proclamação da República, em 1889. Com seu visceral apego ao caos e ao golpismo violento, iniciou a trajetória presidencial como tenente (capitão no soldo), mas, graças ao destino sério e implacável, em breve deve ser rebaixado à condição de soldado raso.

Talvez nem isso, pois no futuro uniforme não cabem divisas, distintivos ou estrelas. E, ao que parece, o futuro do encalacrado capetão está logo ali. O desfecho da quebra de seus sigilos será revelador, do tipo cada checagem um flash. Aliás, como diz a gíria, a derrubada do sigilo bancário e fiscal do casal das arábias é só o ouro. Conspirador emérito contra a vida do povo brasileiro, em especial daqueles com os quais cerrou fileiras, o Rolando Lero do Cerrado levou uma fieira de homens “íntegros” e “probos” para a orgia econômico-financeira em que se transformou o governo outrora conhecido como “terrivelmente honesto”.

Além da instituição Forças Armadas, foram para o buraco negro generais da ativa e da reserva, coronéis da PMDF, parlamentares novos e antigos, empresários mal-acostumados de setores diversos e advogados que só apareceram no cenário do Judiciário como mantenedores de marginais e recompradores de relógios que não eram seus e nem de quem ordenou a recompra. Político de atuação pífia, em 27 anos de mandato não conseguiu aprovar um projeto que prestasse. Portanto, irresponsáveis e estultos foram os brasileiros que apostaram nele e acreditaram na facada milagrosa de 2018.

Por conta desses, os demais ainda levarão tempo para recuperar a autoestima e os valores de cidadania perdidos. Pior será resgatar o volumoso montante de recursos públicos que foi parar no ralo administrado pelos espertalhões. Tudo passa, tudo muda e ele também passou. No entanto, mesmo que estejamos bem próximos do fim de uma odisseia que já começou fora do tom, é bom que saibamos que, entre a alegria e a felicidade geral da nação, há um mar revolto, mas ainda navegável. Otimista por definição e cristão por devoção, reitero que não me faz bem a desgraça alheia.

Só a de alguns, em especial daquele que, em plena pandemia, negou a ciência e contribuiu para morte de mais de 700 mil brasileiros. Por essa e outras razões de somenos importância, certamente não estamos conseguindo dormir o sono dos justos: ele com pavor de ser preso e eu com medo de perder a comemoração. Para não correr qualquer tipo de risco, autorizo amigos, inimigos e afins a me ligarem de manhã, de tarde, de noite ou de madrugada para que dividam comigo detalhes do glorioso epílogo do capitão. Ou seria do capetão? O oráculo é o pior possível.

Quanto aqueles que permanecem com o roscofe na seringa e não conseguem mais receber PIX para uma lauta sobrevivência, a sirene de viaturas do Samu deve soar como uma bomba de efeito retardado. Os generais Hamilton Mourão, Eduardo Pazuello, Augusto Heleno e Braga Neto desapareceram do cenário. Por que sumiram? Vergonha de terem apoiado um mentiroso ou vergonha do povo por terem apostado errado? Pouco importa. Importante é que envergonhada está a mentira diante de tanta falta de verdade.

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