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Efeito dominó

Quebradeira americana pode atingir pequenos bancos

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Ekaterina Bilinova/Via Sputniknews - Foto Reprodução

Um calote dos EUA poderia desestabilizar a economia global com uma série de efeitos dominó, em particular nos mercados financeiros de pequeno porte da América Latina e África, disse Sergio Rossi, professor de macroeconomia e economia monetária na Universidade de Fribourg, na Suíça, ao comentar a sombria previsão econômica da secretária do Tesouro, Janet Yellen.

Janet Yellen informou aos legisladores americanos que o governo pode ficar sem dinheiro para pagar suas contas já em 1º de junho. Os EUA atingiram esse limite – US$ 31,4 trilhões – em 19 de janeiro de 2023, mas o Tesouro adotou medidas para ganhar tempo para o Congresso aumentar o teto da dívida.

Se o limite de empréstimos não for aumentado, os EUA podem entrar em default, alertou Yellen. Ela também retratou algumas das conseqüências sombrias da crise potencial que poderia incluir severas dificuldades para as famílias americanas, derrubar a liderança global dos EUA e prejudicar os interesses de segurança da nação. O que se pergunta é se  alarmismo de Yellen é justificado.

“Se os EUA não pagarem suas dívidas, haverá uma crise financeira sistêmica, principalmente porque o dólar americano é a chamada moeda-chave da economia global”, disse Sergio Rossi. “Um ex-secretário do Tesouro dos EUA disse à Europa que ‘o dólar americano é nossa moeda, mas problema seu’, já que os acordos de Bretton Woods de 1944 colocaram essa moeda no centro do regime monetário internacional. Portanto, qualquer inadimplência dos EUA desestabilizará a economia global com uma série de efeitos dominó, em particular nos mercados financeiros que induziriam uma crise global dramática, com uma série de consequências negativas para vários bancos e instituições financeiras não bancárias, pequenas e médias empresas, bem como corporações transnacionais em todo o mundo.”

Ao mesmo tempo, Rossi chamou a atenção para o fato de que “seja como for, os EUA não podem entrar em default”: o Federal Reserve pode refinanciar o governo federal americano sem nenhuma restrição orçamentária para ele, pois pode emitir tanto dinheiro quanto for necessário, segundo o economista. Com efeito, a própria Constituição dos Estados Unidos torna impossível o incumprimento da dívida, ao afirmar que “a validade da dívida pública dos Estados Unidos, autorizada por lei (…) não pode ser questionada”.

Assim, no caso de quebra do teto da dívida, o governo deve priorizar o pagamento do serviço da dívida, cortando outras despesas. No entanto, alguns especialistas econômicos americanos argumentam que o governo dos EUA deixou de cumprir suas obrigações de dívida pelo menos três vezes (em 1933, 1968 e 1971). Dado o histórico de crédito manchado, o jogo da galinha arbitrado pelos legisladores americanos poderia causar arrepios no mercado global e balançar o barco.

Neste contexto, a próxima reunião entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e os principais líderes do Congresso deve se traduzir em algum tipo de compromisso bipartidário para evitar mais problemas. “Na ausência de tal acordo, com certeza, haverá uma crise financeira sistêmica originada novamente nos EUA, com uma série de consequências negativas tanto para os EUA quanto para a economia global”, enfatizou Rossi.

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