Quem passar pela região do Jardim Botânico desta segunda, 13, até a quarta-feira, 15, e presencial fumaça, não deve se preocupar. É que está sendo iniciada a etapa do aceiro negro em torno da DF-001, na altura da Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília, Reserva Ecológica do IBGE e Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília.
A queimada é controlada e envolverá equipes de diversos órgãos público: da Sema à Aeronáutica, do DER à Escola Superior de Guerra. A ação faz parte do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente e visa prevenir incêndios florestais e no cerrado no período de estiagem.
A técnica utilizada por autoridades ambientais faz a queima de material orgânico em uma faixa da vegetação para impedir a ocorrência de incêndios florestais e a propagação de chamas.
Essas práticas só podem ser realizadas se estiverem previstas no plano de manejo da respectiva unidade de conservação. “Com os aceiros negros, evitamos que um fogo iniciado na área externa se propague para dentro das unidades. E como essas áreas da APA Cabeça de Veado estão muito próximas a moradias, o risco é ainda maior”, esclarece a coordenadora do Plano de Prevenção e Combate a Incêndio Florestal da Secretaria de Meio Ambiente, Carolina Schubart.
Etapas
A ação começa com os chamados pinga-fogos, que são equipamentos operados pelos brigadistas abastecidos com uma mistura de gasolina e óleo diesel. Eles direcionam o fogo em pequenos focos controlados.
Os caminhões-pipa vêm em seguida, nas laterais da faixa que estão as chamas, para evitar que as labaredas atinjam a unidade de conservação ou áreas vizinhas.
A terceira frente de ação é feita com abafadores e bombas costais de água operados também por brigadistas. Dessa forma, é possível atingir o ponto em que a chama está.
Ao fim do dia, o caminhão-pipa percorre novamente toda a área para eliminar focos ainda existentes.
Planejamento
O gerente de preservação do Jardim Botânico de Brasília, Diego Miranda, que coordena a força-tarefa, explicou que a execução do aceiro negro ajuda a manter os baixos números de incêndios nas unidades.
“No ano passado, não registramos nenhum foco dentro dos cinco mil hectares do JBB e sua Estação Ecológica, o que confirma que, com um bom trabalho de prevenção, é possível evitar as ocorrências”, reforçou.
Além da queima controlada, outras ações são fundamentais para impedir os estragos causados pelo fogo, como a manutenção dos equipamentos utilizados no combate às chamas, execução de aceiros mecânicos com tratores e roçadeiras em áreas estratégicas e treinamento da equipe.
Em 2019, as estratégias foram fundamentais para impedir o avanço dos 14 focos registrados ao redor do JBB.
Crime ambiental
É importante reforçar que o emprego do fogo em área de Cerrado é vedado, salvo como aceiro, ou recurso para produção e manejo em atividades agropastoris, ou ainda para fins de pesquisa. A proibição está prevista no novo Código Florestal.
Provocar incêndios florestais, seja de forma intencional ou por acidente, é crime ambiental e rende punição em instâncias variadas. A Lei de Crimes Ambientais estabelece multa de R$ 1 mil por hectare ou porção de área irregularmente queimada. Se o fogo atingir unidades de conservação, a multa é aumentada em 50%.
Cerrado preservado
As três unidades de conservação alvo da operação integram a Área de Proteção Ambiental (APA) Gama e Cabeça de Veado e, juntas, protegem 25 mil hectares de Cerrado.
Nas unidades, é possível encontrar todas as fitofisionomias do bioma (Campo Limpo, Campo Sujo, Cerrado stricto sensu, Cerradão, Veredas e Mata de Galeria) e rica biodiversidade de fauna e flora.