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Quem disse que cruzar as pernas provoca varizes?

Foto/Divulgação

Elas acometem cerca de 50% das mulheres e trazem mais do que alterações estéticas, podem prejudicar a qualidade de vida e chegam a ser uma das principais causas de afastamento laboral no Brasil. Mesmo com tantos casos, as varizes ainda são alvo de muitos mitos que prejudicam o diagnóstico precoce do problema vascular. Conversamos com os cirurgiões vasculares Caio Focássio e Ivan Casella para esclarecer os mitos e verdade que cercam as varizes.

Primeiramente, é importante esclarecer que ainda não se sabem as causas que desencadeiam as varizes. O fator genético, ou seja, uma predisposição para o problema é uma das causas identificadas. “Algumas pessoas tem varizes independente do que faça. Se tiver propensão genética muito forte, vai ter a questão hereditária mesmo sem ter feito nada, sem ter nenhum fator de risco adicional”, explica Ivan Casella. “Não há fórmula para se garantir que não terá: no verão, fica mais exuberante, normal que pessoas tenham os vasos mais dilatados, até para ajudar no controle do calor porque se tende a tomar mais líquido e fica um pouco mais evidente”, continua o médico.

Entre os sintomas mais comuns das varizes estão a dor, cansaço e inchaço da perna, principalmente na região do tornozelo. “A pele começa a ficar manchada e em uma situação extrema pode até aparecer uma ferida ou úlcera, o que é bastante desagradável e de difícil cicatrização”, explica.

Um dos mitos mais comuns que cercam as varizes é que cruzar as pernas pode causar o problema, o que é mentira. Cruzar as pernas não é o motivo pelo qual as varizes aparecem. De acordo Caio Focássio, o fato de se passar muito tempo na mesma posição – em pé ou sentada – e o sedentarismo é que contribuem para o surgimento das varizes. “A pessoa que se movimenta pouco vai ter mais tendência ao aparecimento das varizes porque o retorno venoso se torna mais difícil. A panturrilha precisa ser estimulada e fortalecida para poder enviar o sangue de volta ao coração e, quando o indivíduo não se mexe, ela não contrai para colaborar com esse retorno venoso”, diz o médico.

Já o uso excessivo de salto alto pode contribuir para o aparecimento de varizes. “O uso contínuo do salto muito alto leva a alteração da fisiologia, do estado natural com que o sangue retorna para o coração e pode atrapalhar um pouco”, fala Ivan Casella. O doutor Focássio completa que o fato da pisada ser incompleta por conta do salto atrapalha a circulação sanguínea e exige um maior esforço vascular, o que pode causar varizes. “Esse estado também faz com que a pisada não fique completa. Com isso, o sangue não consegue fluir bem e pode, assim, ocasionar as varizes”, explica.

O uso de anticoncepcionais pelas mulheres e a gravidez também são fatores que contribuem para o aparecimento de varizes. “O estrogênio natural ou ingerido por via oral, como o anticoncepcional, aumenta a capilaridade vascular, então é possível fazer essa associação entre o uso e as varizes”, diz Casella.

Apesar de não existir uma cura definitiva, uma série de tratamentos pode acabar com casos localizados mais graves e também paliativos para evitar o avanço da doença. “A escleroterapia é o termo técnico da secagem das varizes, se aplica uma injeção de um líquido que vai secá-las por dentro”, afirma o doutor Casella. “O uso de meias elásticas, as de compressão, são excelentes para a contenção da doença e para evitar que ela avance”, finaliza o médico.

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