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Quem gosta de homem com testosterona alta que fique com ele

Como qualquer brasileiro com um mínimo de bom senso e outro quantitativo de honestidade, não acho que vivo no melhor dos mundos. Estou com minha testosterona nas alturas e realizado como cidadão. No entanto, diferente de outros presidentes populares que já tivemos, não vejo em Luiz Inácio um príncipe como administrador, um lorde como negociador, um sábio como articulador, tampouco magnânimo no trato da coisa pública. Seu passado fala por si. Porém, usando de minha capacidade de pensar sem cangalhas, arreios ou cabrestos, asseguro que ele tem algum conhecimento e está a léguas de ser um imperador do tipo déspota.

Deixa a desejar em questões simplórias como agradar a gregos e baianos, mas leva dez com louvor no quesito integridade da democracia. Se, para alguns, a liberdade é uma coisa que lembra o científico escroto, ou seja, um saco, para mim ela é, na acepção da palavra, a própria ereção. Sintetizando, liberdade não é somente um projeto mal-acabado de um país que luta para dar certo, mas o substantivo que define o grau legítimo de independência que um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo, como ideal. Já na segunda etapa da vida, quero mais liberdade para escolher e testosterona suficiente para dar conta da lascívia eventual.

De acordo com o Dicionário de Filosofia, em sentido geral, o termo liberdade é a condição daquele que é livre. É a capacidade de agir por si próprio, o oxigênio da alma. É por ela que luta todo o brasileiro que se inclui no perfil citado no primeiro parágrafo. Eu sou um deles. Também é o caso do deputado federal das Minas Gerais Nikolas Ferreira (PL). Como parlamentar ainda nos cueiros, ele sempre foi livre. Tanto que usou seus conhecimentos para se transformar em um defensor clássico da testosterona. Segundo o comediante Whindersson Nunes, o deputado bolsonarista até debaixo dos lençóis parece não entender bem dos ovos.

Se entendesse, deveria saber que qualquer homem cisgênero, aquele que se identifica com o sexo que nasceu, tem testosterona. Saberia também que a tal da testosterona não é sinônimo de coragem. Conheço homens de valor que não têm os ovos, mas são tão corajosos como os denominados imbrocháveis. O fato a ser tratado é simples. Se não tiver o “testo” escrito na testa, o problema deve ser informado com a máxima urgência ao urologista, mestre em toba transviado, ovos bambos e, quando tem tempo, em próstata, considerada pelos desentendidos como um órgão semelhante às trompas femininas. Só se for a de quem acha isso. A minha é macho até com X maiúsculo.

Falando sério, o homem sem testosterona sofre de “hipogonadismo”, isto é, mau funcionamento da gônada, o popular e sempre pendular testículo. Nesse caso, só hormônios. Não é de bom alvitre citar, por qualquer razão, o nome de um deputado que se fantasia para atacar adversários. Cito exclusivamente para comentar a disparidade de Nikolas ao lembrar, durante recente ato em favor do ex-presidente no Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro e Silas Malafaia como homens com testosterona até a boca e exemplos a serem seguidos. Talvez maus exemplos. A ser verdadeira a afirmação, que ele faça bom uso deles. Eu prefiro experimentar coisas mais leves, suaves e perfumadas.

Curioso é que, paralelamente, o deputado “patriota” compara o ministro Alexandre de Moraes aos ditadores Josef Stalin e Kim Jong-un. Também não sou simpático ao pulha soviético, muito menos ao tirano norte-coreano. Entretanto, como eles enfrentaram e enfrentam o mundo para impor suas vontades políticas, obviamente que a testosterona de ambos pulula a céu aberto. Portanto, se há alguém no Brasil com aquilo roxo e apinhado de testosterona é Xandão, o homem dos ovos de ouro, aquele que jubilou o imbrochável e peitou milhares de destemidos machões que até hoje choram quando a noite chega na Papuda. A pergunta que não quer calar é simples: Afinal, qual é o exemplo a ser seguido?

*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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