Por esses desencontros da vida – é uma arte que nos cerca, plagiando Vinicius de Morais – ainda não tive a oportunidade de receber autografado, e ler, Silêncio na Cidade. A obra é do jornalista, professor, escritor e ensaísta Roberto Seabra. É meu sobrinho número 1, por mérito e por ser, literalmente, o primeiro de uma longa fila gerada nos úteros de irmãs e cunhadas.
O crime, nunca elucidado, narra, misturando ficção e realidade, a morte da menina Ana Lídia, aos 7 anos de idade. Mais um assassinato encoberto nos anos de chumbo da ditadura no Brasil. Passados 50 anos, ouvi em uma roda de café, em que se comentava o caso, uma frase intrigante, supostamente dita por um ministro da época ao seu chefe de segurança. ‘Você precisa tirar o garoto de Brasília e mandá-lo para a Europa’.
A autoridade e seu assessor-escudeiro já morreram. Não sei se Beto faz referência a esse episódio no livro. O ‘garoto’ em questão, se vivo for, terá entre 65 e de 70 anos de idade. Seu pai, pelo cargo que ocupava, deveria fazer justiça no país. Há, aí, mais uma linha para elucidar o crime. Silêncio na Cidade será relançado no sábado, 30, na Livraria da Vila do Shopping Eldorado, em São Paulo, com o selo da Saira Editorial. Crimes assim não prescrevem. A hora é de colheita. Hoje, mais do que nunca, a verdade precisa vir à tona.