Quem não gosta de samba vai de rock, pop, jazz, maracatu e frevo no Aterro do Flamengo
Publicado
emFlávia Villela
Rock, funk, pop, MPB, jazz, frevo, maracatu e até trilha sonora de filmes: tudo junto e misturado em uma verdadeira fanfarra. Com seus instrumentos de sopro, fantasias irreverentes, pernas de pau e o estilo eclético, a banda Orquestra Voadora atraiu nesta terça (9) cerca de 100 mil pessoas ao Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, de acordo com a prefeitura.
O desfile começou com uma homenagem a Vila Autódromo, comunidade em Jacarepaguá, zona oeste da cidade, que vem sofrendo com remoções desde que o Rio foi anunciado como sede dos Jogos Olímpicos deste ano. “Vila Autódromo resiste!”, gritaram em coro os mais de 300 integrantes da banda.
Ao longo do caminho, também foram saudados os estudantes secundaristas de São Paulo, que no ano passado protestaram contra a mudança de escolas pelo governo estadual, e os servidores do governo do Rio, que estão com salários atrasados. “A gente dança, celebra e pensa”, disse um dos participantes ao microfone, DJ Lencinho.
Volta e meia, uma coreografia surpreendia o público durante as músicas, todas instrumentais. O fotógrafo Antônio Martins, 38 anos, não perde o bloco desde que o conheceu há três anos. “É sensacional, um espetáculo para os olhos e ouvidos. De longe, o melhor bloco da cidade”, declarou.
Tubas, tambores, saxofones, trombones, caixas e xequerês (tipo de chocalho de origem africana envolto por uma rede de conas) seguiram pelo aterro até o Museu de Arte Moderna, onde encerraram o desfile, apesar do sol com sensação térmica de 40 graus.
A designer Marcela de Paula, 27 anos, desfila no bloco como pernalta há cinco anos. Grávida de sete meses, este ano, ela carregou um peso extra sobre as pernas de pau. “Já desfilamos há tanto tempo e não quis parar. É o bloco que mais gosto, mais aberto, é só chegar,” disse. Ela assegurou que o filho, que se chamará Vicente, estava seguro com ela lá em cima: “O pai e os padrinhos estão aqui, estão todos protegendo, está tranquilo”.
Formada em fevereiro de 2008, com origem em encontros de diversos blocos de carnaval de rua, a Orquestra Voadora começou a ocupar os espaços públicos fora da época do carnaval. A banda vem ganhando adeptos e integrantes.
No final da festa, DJ Lencinho convidou a multidão a colaborar com a vaquinha para o desfile do próximo ano e terminou com grito de guerra acompanhado pelos foliões: “Ocupem, desobedeçam”.
Agência Brasil