O mal pode se manifestar como homem, mulher, reis, plebeus, palhaços, doutores, deputados, senadores e até presidentes ou ex-presidentes da República. Como se vê, as formas podem ser diversas. No entanto, alguns personagens da política brasileira estão longe da ficção. Eles são o verdadeiro mal encarnado. Mistura de Família Adams com Freddy Krueger, Adolf Hitler, Átila e Herodes, o Grande, o clã Bolsonaro nada fica a dever ao que há de pior no mundo da vilania. É claro que eles estão unidos aos aproveitadores do drama. Vivem do caos e, como abutres, se alimentam da desgraça alheia.
O telhado do mundo continua desabando no Rio Grande do Sul, unidade federativa governada por um dos empedernidos seguidores do negacionismo maldoso. Na defesa do modo arrombar a festa, ele tem a companhia do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB). Não à toa, ambos ainda não se aperceberam da presença de dois perfis de seres humanos bem distintos no Estado. Um é composto pelos nativos e adotivos; o outro são os temporários, também conhecidos por voluntários. Lamentável, mas, por obra do destino, os verdadeiros solidários têm sido obrigados a conviver com os exploradores da dor.
Felizmente, os fingidos são minoria. Ainda é cedo para afirmar, mas tudo indica que, após a normalidade, a tendência é que maioria dos que defendem os defensores da tragédia como trampolim para o poder também vire minoria. É a regra da vida: quem planta tormenta acaba colhendo tempestade. Os anjos que aportaram nas águas revoltas e sujas do Rio Grande do Sul para ajudar no resgate de homens, mulheres, crianças e animais emocionam o mundo da paz, da compreensão e da serenidade. Sem preocupação ideológica ou partidária, eles carregam nas costas, em jet-skis, botes infláveis ou barcos artesanais muito mais do que suprimentos.
Além de fé e coragem, eles levam solidariedade, alento e amor ao próximo. Compreendidos pela massa sofrida e agradecida, eles são odiados pelos diabinhos próximos ou distantes. São os lobos travestidos de cordeiros, para os quais a única instituição a ser buscada é a que Jair Bolsonaro, seus filhos e seus fanatizados seguidores têm na cabeça: a tirania. As demais, aquelas que salvam e põem ordem na casa, são apedrejadas e desqualificadas por meio de deslavadas mentiras destiladas por falsos e enrustidos patriotas, entre eles deputados que juram amor eterno ao Brasil.
Obtusos e estultos em último grau, os golpistas de plantão não se acanham em difundir fakes das mais primitivas. Por exemplo, li que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) postou em suas redes que, enquanto cobravam autorização dos pilotos de botes, havia corpos de bebês boiando no Guaíba. Mentira de quem não aprendeu nada, além de fritar hambúrgueres para agradar a Donald Trump. Pior foi o deputado Paulo Bilynskyj, também do PL paulista. Ele se utilizou de uma aula de cursinho para apalermadamente “informar” que a Anvisa estava impedindo a distribuição de medicamentos no Rio Grande do Sul.
Obviamente que a fantasiosa história foi negada, como vem sendo negada todas as demais. Onde esses brasileiros de meia tigela querem chegar? No descrédito do governo Lula. A intenção é dizer que o atual presidente está atrapalhando os trabalhos de resgate. Não conseguirão, na medida em que boa parte do Brasil sabe muito bem o nome, sobrenome e a matrícula do trapalhão-mor. O problema maior é o complexo de vira-latas de alguns governantes e de seus simpatizantes. Sabemos que é uma obrigação, mas o presidente Lula vem fazendo o que pode para minimizar o sofrimento do povo gaúcho.
Entretanto, o governador tucano Eduardo Leite preferiu a ingratidão ao optar pelo palanque bolsonarista para agradecer ao bilionário Elon Musk a doação de mil antenas de internet. Talvez fosse o momento de o senhor Leite pedir ao benfeitor sul-africano uma passagem sem volta para Marte. Se houver espaço, que ele leve toda horda de golpistas que querem transformar o Brasil em um arraial junino, no qual só as quadrilhas organizadas têm ingresso gratuito. O povo fica de fora, de bico seco e, se tiver força, será chamado para tocar bumbo para maluco dançar. Enquanto isso, que os gaúchos se virem.