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Silêncio na hora certa

‘Quem sabe dominar a arte de se calar carrega uma vantagem invisível’

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Autor/Imagem:
João Zisman - Foto de Arquivo

Em um mundo onde a palavra reina soberana, o silêncio, muitas vezes, grita mais alto. Como jornalista, e em breve responsável pela comunicação social e relações institucionais da prefeitura de Foz do Iguaçu, eu entendo o peso de cada vírgula, a força de uma manchete bem construída. Mas também aprendi que, em certos momentos, o silêncio comunica o que a palavra não alcança.

A comunicação é uma dança entre o que se diz e o que se escolhe não dizer. Palavras constroem pontes, mas o silêncio, quando bem colocado, evita abismos. Um líder que responde a tudo, sem pausa ou filtro, corre o risco de perder a força da própria voz. Já aquele que sabe a hora de se calar transforma a ausência de palavras em um território onde o respeito cresce.

O silêncio tem a capacidade de preencher uma sala mais do que o discurso mais inflamado. Ele cria expectativa, desloca o foco, impõe presença. Mas não nos enganemos – o silêncio só funciona quando é intencional. Se falta conteúdo, ele se esvazia. Se há algo a dizer, mas se escolhe o silêncio, o impacto é calculado.

Aprendi que, na política e na vida, quem domina a arte de se calar nos momentos certos carrega uma vantagem invisível. Quando uma pergunta difícil surge, nem sempre a resposta imediata é a melhor saída. O silêncio que precede a resposta muitas vezes vale tanto quanto a resposta em si.

Ainda assim, não há espaço para omissão. A ausência prolongada de palavras não é silêncio, é descaso. E, em um cargo público, deixar perguntas sem resposta não é uma opção. A comunicação eficiente não se constrói apenas pelo que se fala, mas também pela forma como se escuta. E ouvir, como sabemos, é uma forma de se calar com propósito.

É um equilíbrio delicado. A palavra, quando dita com clareza, aproxima. O silêncio, quando bem conduzido, impõe respeito. Juntos, criam a sinfonia que dá ritmo a qualquer diálogo, seja com a imprensa, com a população ou com os colegas de gestão.

Por isso, enquanto me preparo para essa nova fase, levo comigo essa convicção: há momentos para discursos longos, há momentos para respostas curtas, mas há também aqueles instantes em que o silêncio, por si só, diz tudo o que precisa ser dito.

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