Pernambuco
Quem sabe faz a hora, como um bom caldo-de-cana mais doce bem pertinho do mar
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Sob a sombra generosa das frondosas árvores da Rua 10, em Itapuama, um antigo ponto de encontro começou a ganhar vida nova. Wedson e Pollyana, casal de espírito inquieto e mãos sempre ocupadas, decidiu que não bastava apenas o que já faziam. E faziam muito. Ele, empresário do ramo pet, lava e entrega perfumados colchonetes, roupinhas e gravatinhas para cães e gatos. Ela, estudante de Engenharia de Pesca na Universidade Federal de Pernambuco, agora faz estágio fiscalizando pescados no Porto do Recife. Mas, como bem dizem, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Foi assim que surgiu a ideia de assumirem o Ponto do Caldo de Cana.
Começaram modestamente, mantendo um moedor simples e um sorriso sempre pronto para receber os primeiros clientes. Turistas curiosos e moradores da região, acostumados a ver negócios irem e virem como as ondas da praia, logo se renderam à doçura do caldo gelado servido com esmero. O cheiro de cana fresca misturado à brisa do mar, virou um convite impossível de recusar.
O espaço, contam os novos administradores, vai ganhar mais vida: mesas coloridas espalhadas sob a sombra de árvores frutíferas frondosas, almofadas vibrantes para o conforto dos clientes e bandeirinhas multicoloridas tremulando com o vento que Éolo sopra do Atlântico. O som do moedor de cana que se mistura ao riso das crianças e ao burburinho das conversas animadas, logo ganhará também o toque suave de um violão ao vivo, trazendo um clima ainda mais acolhedor ao lugar.
Em pouco tempo, é o que se supõe, a rua 10 já não dará conta da fama do ponto. A freguesia tende a aumentar, os pedidos serão cada vez em maior número, e Wedson e Pollyana, que nunca tiveram medo de trabalho, estão arregaçando ainda mais as mangas para que o empreendimento cresça.
A cada novo dia, um novo desafio: mais mesas, mais cadeiras, uma prensa mais potente. Pollyana, entre um turno e outro no porto, anota pedidos, serve clientes e sorri agradecendo os elogios. Wedson, entre um edredom e uma coleira cheirosa, cuida do estoque e a garantia de que a cana esteja sempre fresca. Agora, entre um copo e outro, novos petiscos serão servidos: pastéis dourados, espetinhos de carne e de frutas tropicais, além do irresistível bolo de rolo pernambucano.
O improviso está ganhando estrutura, o pequeno ponto virou referência, e a Rua 10, que outrora era apenas um endereço, já se mostra pequena para tanto movimento.
O Ponto do Caldo de Cana não é mais um simples comércio; trata-se de um símbolo de que a sorte acompanha quem se movimenta. E, ao que tudo indica, não vai demorar para que a Rua 10 precise de um novo nome. Talvez Rua Mil. Ou quem sabe, simplesmente, Rua Wedson e Pollyana. Com Rita, a gerente-operadora da moagem de cana, a tiracolo.
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José Seabra é diretor da Sucursal Regional Nordeste de Notibras
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