Collor preso
Quem será o próximo a perder a liberdade para alegrar a pátria, quem!?

Depois da fartura decorrente da mãozada na BR Distribuidora, a consequente clausura, resultado da mão forte, pesada, mas correta do ministro Alexandre de Moraes, o papa Xandão de todos os brasileiros que ainda têm fé em dias melhores. Eu sou um deles. A bola da vez foi o ex-presidente Fernando Collor, preso na manhã desta sexta-feira (25), enquanto dormia em seus suntuosos aposentos na ensolarada e aprazível Maceió, capItal de péssima lembrança para os que nunca acreditaram no caçador de marajás. De caçador mentiroso, virou caça da Polícia Federal. Conforme acusação da Procuradoria-Geral, o ex-lindinho “caçou” dos cofres públicos R$ 25 milhões entre 2010 e 2014.
Se nada mudar, ele verá o sol quadrado por pelo menos oito anos e dez dias. Para quem, como eu, nunca experimentou no cangote o bafo quente do colega de cela, os dez primeiros dias devem ser de aproximação até que o bicho comece a pegar e o restante da pena será gasto com o tchan tchan tchan. O assunto é sério, mas nada melhor do que um pouco de palhaçada para quem nos fez de palhaço por cerca de dois anos. Fernando Collor, o cabra dos dois eles, o do bateu levou, o tempo chegou. Tardiamente, mas chegou.
Ele é a prova daquela velha máxima sempre lembrada pelo papa Francisco: aqui se faz, aqui se paga. Lambanças daqui, lambanças dali, a história do Brasil vem sendo reescrita com canetas vermelhas, azuis, verdes, amarelas e, às vezes, incolores. Dizem os mais antenados em assuntos do Poder Judiciário que lá pelas bandas do Supremo Tribunal Federal o tempo não para. Em outras palavras, segundo da lista de presidentes eleitos presos por condenação penal, Collor não foi o primeiro, mas não será o último.
Enquanto o funeral de Francisco segue à risca o protocolo do Vaticano, em Brasília e adjacências tem gente que não dorme desde ontem à noite, quando o xerifão Xandão, decretou a prisão do ex-Fernandão. É o povo freneticamente simpatizante da República Federativa do Eu Sozinho, cujo comandante, às voltas com um eterno e midiático nó nas tripas que levam ao cano de descarga, aguarda ansiosamente pela carta de felicitações de Alexandre de Moraes.
Repito que a situação é séria, muito mais do que a forma brincalhona como o Brasil foi governado no tenebroso, pueril, mastodôntico e militarizado período golpista. A fase do delirium tremens acabou, morreu e jamais voltará. O tempo é de paz, amor, solidariedade, parceria, celebração e de cagaço para a turma do fuzil, aquela cujo chefe jurou tomar o Brasil à força para entregá-lo de mão beijada para o falseano grupo de Deus, Pátria, Família e Liberdade.
O tal chefe teve liberdade para transformar a pátria no pedaço da Terra mais amado por Deus. Preferiu se preocupar somente com a família e, a partir dela, nadar de braçada rumo aos braços esbranquiçados e perebentos de Tio Sam. Perdeu, Messias. Agora, o vira virou. Collor está preso. E daí? E daí é que as portas do pavilhão cinco estão escancaradas à espera de um novo morador. Enfim, o bicho pegou, baixou e saravou. Aguardemos o caboclo parar de rodopiar para Xandão rodar a baiana. Gregos, troianos e baianos querem emoção. Mesmo de folga, eu também.
………………….
Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
