Amores de praia
Quem vive fazendo castelos de areia jamais encontra a felicidade
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Debaixo do guarda-sol assisto à cena na praia.
O garoto se aproxima da menina como quem não quer nada, mas querendo tudo. Ela faz de conta que nada quer. Os olhares se cruzam e algo especial acontece.
O clima esquenta. Sentam na areia juntinhos, mesmo sem trocarem uma palavra. Fico observando. Ele pega o baldinho, busca água no mar e ambos começam a erguer um castelo, apaixonados.
Ele tem uns cinco anos, se tanto. Ela, uns quatro. A torre estava quase pronta quando uma onda varre tudo, inclusive a efêmera paixão…
Percebo então a chegada de um casal, digamos, mais maduro, já na casa dos setenta. Com a coluna levemente arqueada e poucos cabelos brancos ao redor da cabeça calva, ele usa sunga e relógio. Toda simpática e aprumada, ela tem cabelos pintados e brincos cor de ouro.
A disposição deles lembra as crianças que erguiam um castelo. Montam o acampamento com toda a tralha: cadeiras, guarda-sol e cooler de bebidas.
Em seguida, partem para a caminhada.
Eu já tirava um cochilo quando os dois retornaram. Ela descansou as pernas na cadeira e ele foi dar um mergulho. Avançou até onde tinha bandeira vermelha e levou um pito do guarda-vidas.
– Quer me deixar solteira, Osvaldo? – brincou a mulher.
Por ali ficaram horas, o tempo todo se divertindo, somente os dois. De curioso e estando ao lado, resolvi perguntar há quanto tempo estavam juntos, certo de ser amor antigo.
– Um ano – respondeu ela. – A gente se conheceu pela internet. Éramos viúvos.
– Que maravilha! – eu disse, surpreso. – Qual o segredo de vocês?
Ela:
– Nunca é tarde pra ser feliz, mas não faça castelos de areia…
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