Uma queda de costas numa partida de futebol levou Fernanda Siqueira, de 18 anos, a sofrer com dores na região da lombar por um mês. Jogadora profissional e ciclista aos fins de semana, a jovem conta que seu rendimento caiu desde o acidente – em julho -, até conhecer a quiropraxia, técnica que reposiciona as vértebras da coluna.
“Faço o tratamento há três meses e sinto meu corpo muito mais leve. Durmo e respiro melhor, sinto a mente mais tranquila para estudar e estou com menos cansaço físico”, diz.
Segundo a instituição norte-americana de quiropraxia Palmer College, as consultas podem melhorar a função de mais de 130 partes do corpo e resolver mais de cem problemas do organismo, como acne, cansaço crônico, enxaquecas, problemas do coração, varizes e ciclos irregulares de menstruação.
O quiropraxista George Montenegro explica que isso acontece porque cada uma das 24 vértebras da medula espinhal tem uma função. “Há várias raízes nervosas em cada segmento da coluna, e cada uma delas responde por um órgão ou alguma atividade do organismo”, afirma. “Se acontecer alguma interferência nesse sistema, o corpo perde rendimento e o desempenho das sinapses [onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos] cai; a circulação [sanguínea] e a oxigenação do corpo diminuem”, completa.
Vale ressaltar que a primeira vértebra (C1) está associada às partes da cabeça, como o cérebro, ouvido, olhos e ossos do rosto. Se houver uma alteração nela, a pessoa pode ter tontura, insônia e dor na região, segundo o especialista. A que vem em seguida (C2) responde pelos olhos, língua, testa e o coração, e, se estiver mal posicionada, pode causar insônia, sinusite, dor no ouvido e até mesmo surdez e cegueira.
O especialista diz, ainda, que unir essa técnica à prática de exercícios físicos ajuda em um desenvolvimento corporal correto. Ele alerta que quem faz levantamento de peso para hipertrofia, por exemplo, não vai aumentar os músculos de forma saudável se não o fizer cuidando das articulações por meio da quiropraxia. “Muitos body builders (construtores de corpo, na tradução livre) têm uma musculatura bem fechadinha, mas sem flexibilidade, porque ela cresceu de forma errada”, explica.
Montenegro aponta que não há faixa etária para ir ao quiropraxista. Inclusive, ele explica que um recém-nascido que veio à luz por parto natural tem sua primeira subluxação (deslocamento parcial da coluna) quando o médico puxa a cabeça dele para retirá-lo de dentro da mãe. “Isso acontece porque as articulações do bebê são muito molinhas e ainda não há nada formado”, diz.
Além disso, as pequenas quedas que as crianças sofrem ao aprender a andar também lesionada o corpo. “[Por conta disso], é recomendável elas irem ao quiropraxista a cada semestre para checar se não há algum desalinhamento que vá interferir no desenvolvimento a longo prazo”, sugere.
O quiropraxista recorda que atendeu uma mãe cujo filho sempre mordia o bico do seio na hora de amamentá-lo. “Ela sangrava muito, mas ele fazia isso porque tinha uma subluxação na primeira vértebra da coluna, e isso o incomodava. Então, mordia quando tentava jogar a cabeça para o outro lado e não conseguia”, recorda. “Fizemos um ajuste e depois ele começou a mamar direito”, completa.
Montenegro afirma que não pode dizer ao certo os fatores limitantes para quiropraxia, uma vez que existem mais de cem técnicas dentro dessa ciência. No entanto, ele salienta que é contraindicada para quem tem doenças e lesões autoimunes e problemas degenerativos nas articulações.
Pessoas com pino, fraturas, osteoporose grave, artrite reumatóide, vértebras calcificadas ou mielopatia (distúrbio do sistema nervoso que afeta a medula espinhal) também não podem receber os estímulos.
Quanto às outras doenças, Montenegro diz que apenas uma análise prévia do profissional vai dar a resposta.
George conta que não adianta ir uma vez ao quiropraxista e nunca mais voltar. Segundo ele, é aconselhável frequentar a terapia com certa constância para desbloquear as tensões medulares que a má postura do dia a dia causa nas articulações.
Ele sugere que o paciente que nunca recebeu o tratamento vá uma vez por semana durante três meses. Depois desse período, cabe ao profissional avaliar de quanto em quanto tempo o paciente deve voltar. “As pessoas começam a se sentir melhor entre a primeira e a quarta sessão. Na quinta e sexta consulta, muitas já estão com o problema resolvido, mas o corpo precisa criar uma memória para se estabilizar no padrão que o tratamento direcionou”, orienta.
O especialista afirma que recebe a terapia de quinze em quinze dias por estilo de vida. A primeira visita ao consultório demora mais, porque é uma avaliação. Contudo, a média das demais etapas do tratamento é de meia hora.