O aquecimento global está promovendo danos ao meio ambiente mais depressa do que imaginavam os cientistas. Agora os ecologistas voltam suas atenções para a geleira Thwaites, estimando que sua rachadura provoque o desligamento do continente antártico e flutue à deriva pelo mar nos próximos seis anos. Estima-se que ele é responsável por 4% do aumento anual global do nível do mar. Segundo os especialistas, as temperaturas mais quentes dos oceanos, que são alimentadas pelas alterações climáticas, são responsáveis pela erosão da plataforma.
A plataforma está prestes a partir-se, alertou um grupo internacional de cientistas. Apelidada de “Glaciar do Juízo Final” devido ao seu enorme tamanho (aproximadamente o tamanho do Reino Unido ou do estado americano da Florida), os estudiosos pontuam que essa colossal montanha de gelo provavelmente fará jus ao seu nome, uma vez que está derretendo mais rapidamente do que se estimava anteriormente.
Os cientistas conduziram um estudo usando um submarino não tripulado que viajou abaixo de Thwaites pela primeira vez e fizeram medições. As informações coletadas pela embarcação revelaram que mais água quente do fundo do oceano estava chegando à geleira, provocando fraturas na plataforma.
“Eu visualizo isso de forma semelhante àquela janela do carro onde você tem algumas rachaduras que se propagam lentamente e, de repente, você passa por um solavanco no seu carro e tudo começa a quebrar em todas as direções”, explicou a pesquisadora Erin Pettit, da Universidade Estadual de Oregon.
Os cientistas dizem que a situação é agravada pelas enormes cavidades sob a geleira, que permitem que a água provoque uma erosão permanente. Como Thwaites fica na superfície, a maior parte abaixo do nível do mar, os pesquisadores dizem que a geleira é particularmente vulnerável ao derretimento.
Os especialistas sustentam que se a plataforma se quebrar, terá o potencial de aumentar o nível global do mar em 25 por cento. Estudos anteriores mostraram que apenas o colapso da geleira no oceano resultaria num aumento global do nível do mar em cerca de 65 centímetros. O potencial colapso terá um efeito indireto em outras geleiras da região, dizem os cientistas.
Ella Gilbert, da Universidade de Reading, disse que é necessária uma resposta urgente da comunidade internacional para travar as alterações climáticas, que estão alimentando as temperaturas quentes dos oceanos. “As regiões polares são o canário na mina de carvão – são o símbolo das alterações climáticas. Precisamos realmente de minimizar as nossas emissões porque, se perdermos as regiões polares, não só amplificaremos as alterações climáticas, mas afetaremos todas as pessoas ao redor do globo”.