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Rachou de vez. PT e PMDB promovem uma briga de foice

Petistas e peemedebistas andam se perguntando se vale a pena manter a aliança que, em 2010, saiu vitoriosa das eleições com a condução de Dilma Rousseff e Michel Temer para o comando do país. De lá para cá o tempo foi passando e as a divergências entre PT e PMDB foram se agravando a ponto de hoje, nos dois lados, existirem fortes defensores de uma ruptura entre os dois maiores partidos do Brasil.

Tudo porque o PT decidiu eleger um grande número de governadores e formar as maiores bancadas na Câmara dos Deputados, no Senado e nas assembleias Legislativas estaduais. O PMDB, por seu lado, quer se manter majoritário no Congresso Nacional e colher bons resultados nas urnas no que toca as eleições de governadores. Peemedebistas não querem abrir mão de se cacificarem para continuarem como fazem desde os tempos de FHC influenciando na formação do futuro governo. Os petistas têm como objetivo comandar a país por muitos anos.

Em razão dessas estratégias conflitantes, o relacionamento entre ambos está em frangalhos. Hoje, entendimento mesmo prá valer só existe no Distrito Federal. Nas demais 26 unidades da Federação o clima é de uma briga de foice no escuro. A partir da reabertura do Congresso, no inicio de fevereiro, a temperatura se elevou, com troca de ofensas entre dirigentes das duas legendas. É vagabundo de um lado, vigarista do outro, e mais adjetivos que só contribuem para aumentar a possibilidade de um divórcio total entre ambos.

A situação ganhou tal gravidade que o ex –presidente Lula voou para Brasília, na Quarta –Feira de Cinzas, para tentar convencer a presidente Dilma e a cúpula do PT a irem mais devagar no relacionamento com o PMDB. Para ele, a reeleição de Dilma se complicaria caso venha ocorrer a separação dos dois. A começar pela perda de um grande espaço -6 minutos diários -no horário  gratuito da televisão e rádio. O tempo do PT é de quatro minutos. Bombeiros dos dois lados entraram em ação. A estratégia foi levar a cúpula dos dois partidos a sentarem de maneira séria à mesa para discutir a relação e promover um pente fino na situação estado por estado.

A partir de domingo passado, inúmeras reuniões foram realizadas com a participação  dos caciques maiores das duas legendas. A presidente Dilma exigiu do vice –presidente Michel Temer o isolamento do líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), que estava capitaneando a rebelião dos deputados, que resultou na formação do ‘’blocão’’, integrado por 240 parlamentares de diversos partidos da base aliada.

O tiro saiu pela culatra. A bancada do PMDB se reuniu na terça –feira, à  tarde, e deu apoio total ao seu líder. E foi mais longe: declarou sua independência em relação ao Palácio do Planalto e passou a defender a revisão da aliança com o PT no plano nacional. E já na sessão noturna da Câmara de terça –feira  os peemedebistas começaram agir: ajudaram o PSDB aprovar a criação da comissão externa para investigar as suspeitas de pagamento de propina a funcionários da Petrobrás. Resultado da votação: 267 votos favoráveis, 28 contrários e 15 abstenções. O PT e o PC do B deixaram de participar da votação.

Na quarta-feira, em mais um dia de guerra travada pelo Palácio do Planalto com os deputados insatisfeitos, a presidente Dilma acabou massacrada com a aprovação, nas diversas comissões temáticas da Câmara, de convocações e convites para nove ministros, para o secretário–excutivo Marcio Zimmermann, de Minas Energia, e para a presidente da Petrobrás,Graças Foster.

A quarta-feira só não foi mais amarga para o Palácio do Planalto porque  o presidente Câmara, deputado Henrique Alves, retirou da pauta de votações o projeto do Marco Civil da Internet. Ele assim agiu em atendimento a apelo do chefe da Casa Civil da Presidência, senador Aloizio Mercadante.

Os ministros Manoel Dias (Trabalho) e Aguinaldo Ribeiro (Cidades) foram convocados para explicar em irregularidades em seu Ministério. O ministro Gilberto Carvalho terá que prestar esclarecimentos sobre denúncias de Romeu Tuma Junior no Livro ‘’Assassinato de Reputações’’, em relação a suposto uso político da pasta sobre irregularidades em contratos com ONGs. Marcio Zimmernnenn, no lugar do ministro Edson Lobão, dará explicações sobre os problemas no setor elétrico.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, comentará as denúncias de desrespeito aos direitos humanos no programa Mais Médicos e supostas  irregularidades na área de saúde indígena. Graça Foster (Petrobras)  explicará denuncia de pagamento de propina a funcionários da empresa por parte da multinacional SBM Offeshore, contratada pela estatal brasileira para o fornecimento de plataformas de petróleo. Marco Antônio Raupp (Ciência e Tecnologia) comentará ações do ministério em 2013 e o planejamento para 2014.  Paulo Bernado (Comunicações) explicará as ações do ministério em 2013 e o planejamento deste ano. Francisco Teixeira (Integração Nacional) falará sobre programas desenvolvidos pela pasta, e Moreira Franco vai  discorrer  sobre projetos para a modernização do setor aeronáutico.

Jornalistas e cientistas políticos que acompanham o dia –a –dia do Congresso Nacional têm opinião unanime: a crise Dilma e PT x PMDB mais parece uma comédia de inabilidades dos dois lados, não admissíveis em políticos com a experiência de seus protagonistas.

O ex –presidente Lula, além de  bombeiro na crise entre PT e PMDB, anda preocupado com a relação da presidente Dilma com o empresariado nacional e o mercado financeiro.Ele tem se reunido com representantes desses dois setores e ouvido queixas do excesso de intervencionismo do governo. Lula  também tem se mostrado reticente com a condução da política econômica. Na sua avaliação, conforme pessoas ligadas a ele, o ministro Guido Mantega teria perdido a credibilidade junto ao empresariado de todos os segmentos. Estaria na hora da presidente dar o cartão vermelho para Guido Mantega. Há algum tempo, Lula tentou emplacar Henrique Meirelles no comando do Ministério da Fazenda. A presidente Dilma não concordou. Ela só aceitaria um nome que fique submisso a ela, como acontece com Guido Mantega. O Henrique  Meirelles jamais aceitaria um freio, ser conduzido pelo Palácio do Planalto.

Num ato de desespero, seguindo orientação de Lula, Dilma determinou que o ministro Guido Mantega procurasse os maiores empresários nacionais e explicar a eles quais os rumos futuros do governo.

Cláudio Coletti

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