“Todo mundo sabe que existe, mas ninguém acha que é racista.” A afirmação é da filósofa e escritora Djamila Ribeiro, ao definir o comportamento do brasileiro em relação ao racismo. Segundo ela, há muito a ser feito por quem quer combater o racismo e sobre o papel dos pais na educação antirracista de seus filhos.
“Não basta só reconhecer o privilégio, precisa ter ação antirracista de fato. Ir a manifestações é uma delas, apoiar projetos importantes que visem à melhoria de vida das populações negras é importante, ler intelectuais negros, colocar na bibliografia. Quem a gente convida pra entrevistar? Quem são as pessoas que a gente visibiliza?”, indaga.
Djamila, mestre em filosofia política pela Unifesp e uma das vozes mais influentes do movimento pelos direitos das mulheres negras no Brasil, entenede que os protestos são importantes, mas lembra que não são a única forma de resistência. “Se estamos ainda hoje no Brasil e somos maioria, é porque o povo negro vem resistindo, mesmo com tantas ações que visam o extermínio desse povo.”
Sobre o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos e os protestos contra violência policial, Djamila destaca que é importante se indignar, mas aponta que no “racismo à brasileira” temos “tendência de olhar pra fora e não enxergar o que acontece no Brasil”.