Mariana Alves, Edição
Embora os danos à pele causados pela exposição solar sem proteção sejam mais associados ao verão, a chegada do inverno não deve ser motivo para que se abandone o uso do filtro solar. Isso porque a emissão de raios ultravioleta ocorre durante todo o ano, inclusive no inverno e em dias nublados de qualquer uma das quatro estações. Os raios ultravioleta são responsáveis pelo desenvolvimento de câncer de pele e outros lesões cutâneas, queimaduras e envelhecimento precoce da pele. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tumores de pele do tipo não melanoma representam 175 mil dos 600 mil novos casos de câncer estimados para o ano. Somados a eles, mais 6 mil novos casos de melanoma, o tipo mais agressivo dos tumores cutâneos.
A exposição acumulativa ao sol, sem proteção, é a principal causa relacionada com a alta incidência de câncer de pele, sobretudo do tipo espinocelular. Neste cenário, o desafio dos especialistas está em orientar a sociedade sobre a importância de a fotoproteção ser adotada não apenas nos dias ensolarados.
“No inverno, muitas vezes, estamos com a pele bem clara e, por isso, mais suscetível, já que nesses casos a melanina está mais próxima ao núcleo da célula, onde fica toda a informação genética. Uma exposição solar maior nessa situação faz com que nossos genes recebam a radiação do sol sem qualquer filtro”, destaca o cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Oncologia Cutânea do A.C.Camargo Câncer Center, João Duprat Neto.
Tanto os raios solares do tipo UVA quanto os UVB, causam danos às células da pele, sendo que radiação UVB é de alta intensidade das 10h às 16 horas. Presentes do nascer até o pôr do sol, os raios UVA são fortemente relacionados com o desenvolvimento de câncer de pele do tipo espinocelular e com melanoma. Já os raios UVB, que também são responsáveis pelo surgimento de tumores de pele, principalmente do tipo basocelular, podem causar, com grande frequência, queimaduras e vermelhidão. Embora se estime que nos dias nublados ou de nuvens claras e baixas, a insolação seja em torno de 40% menos, é preciso manter o cuidado.
“Além disso, o sol da montanha, por ter menor camada de atmosfera para filtrar, é mais forte”, afirma o especialista. Para se proteger, além do uso de filtro solar, é recomendável a utilização de acessórios como óculos de sol e chapéu. “Essas recomendações são ainda mais determinantes para quem tem a pele muito clara (loiros e ruivos) e para aqueles que já foram diagnosticados com câncer de pele anteriormente. Se o rosto ou outras regiões do corpo ficam avermelhadas quando expostas ao sol, esses cuidados também devem ser sempre priorizados”, explica.
De acordo com João Duprat, pessoas que possuem história pessoal ou familiar de câncer de pele, ruivos ou com muitos nevus (pintas e manchas) assim como descendentes de alemães, italianos, espanhóis e portugueses, por exemplo, devem redobrar os cuidados.
Além disso, é recomendado que tanto homens quanto mulheres estejam atentos ao chamado ABCDE, que consiste em observar a Assimetria (se uma metade da pinta está semelhante à outra metade), Borda (casos os contornos da lesão estejam irregulares, dentados, chanfrados ou com sulcos, é recomendável procurar um especialista), Cor (observar se a coloração é a mesma em toda a pinta e se não há diferentes tons de marrom, preto e, às vezes, azul, vermelho e branco), Diâmetro (a pinta não pode ter mais de 0,5 cm – embora médicos diagnostiquem melanomas bem menores) e Evolução (que é um critério melhor avaliado pelos especialistas, que observam a profundidade da lesão e se há metástase).
CUIDADOS COM A PELE:
– Evitar exposição solar em qualquer horário, principalmente na faixa entre 10h e 16 horas.
– Fazer uso de chapéus, camisetas e filtros solares.
– É importante que as barracas usadas na praia sejam feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material.
– Para o uso de filtros solares, é sugerida a reaplicação a cada duas horas. O ideal é que o Fator de Proteção Solar (FPS) seja, no mínimo, 15. O ideal é fator 30, por requerer menor reposição.
– Em hipótese alguma o bronzeamento artificial pode ser considerado saudável para a pele.