Há dias em que temos um lampejo de falta (ou mera falha) de memória. Aconteceu comigo um dia desses, enquanto, sentado em minha cadeira de rodas, batia um papo com meus mais próximos amigos Tico e Teco. Afinal – perguntei a meus neurônios – Elizabeth II foi rainha (sem acento) ou raínha (com o assento do trono)? “Pergunte à sua amiga Ia”, sugeriram. “Ou vá direto à Wikipédia”.
Como gosto de bons conselhos – até porque, de graça, aceito até injeção na testa -, descobri que muita gente talvez perca a majestade com essa dúvida. Não é para tanto. Vamos começar separando as sílabas. São três: RA – I – NHA.
E qual é a sílaba mais forte? É a segunda, formada apenas pela letra “i”.
A letra anterior a ela é outra vogal (“a”), que está na sílaba anterior. Forma-se assim o que chamamos hiato: duas vogais juntas em sílabas separadas.
Normalmente, me revela Ia, quando isso acontece (duas vogais seguidas, em sílabas diferentes), a vogal “i” recebe acento agudo, se ficar sozinha na sílaba ou com “s”. Observe exemplos: sa-í-da, fa-ís-ca, a-ça-í, tra-í-ra, Lu-ís, Lu-í-sa, I-ca-ra-í,
Então, resolvido?, questionei Ia. E ela respondeu prontamente: ainda não.
Veja, disse-me, que é diferente quando, depois do “i”, vêm duas letrinhas, um N e um H (o grupo NH), formando o som que a gente encontra em baNHO, amaNHÃ, viNHO, etc.
Portanto, aí é que reside o problema. Quando isso acontece, o “I” não recebe acento agudo, como em TAINHA, LADAINHA, MOINHO, BAINHA, FUINHA, COROINHA… Por isso, nada de trocar seu reino por um dicionário. É bom ter um, mesmo nesses tempos em que quase tudo é virtual. Mas agora já sabemos: RAINHA não tem acento, a não ser o seu assento, onde ela posa com sua coroa.
**Aos nossos leitores: Notibras abriu este espaço editorial para o segmento PcD. Para que possamos interagir, mostrarmos que somos pessoas comuns. Encaminhe sugestões, mande seus textos. Prometo que tudo será bem recebido e aproveitado. Meu WhasApp é 61-98425.4895.