Apesar dos resultados desastrosos para o partido no nível estadual, os senadores do PT de Pernambuco, Humberto Costa e Teresa Leitão, vão insistir na aliança com o PSB no pleito de 2026 com o único objetivo de reeleger o senador Humberto Costa, em final de mandato.
A posição dos dois senadores, no entanto, não é uma unanimidade no partido, e já conta inclusive com uma reação da governadora Raquel Lyra (PSDB) que começa a atrair para a sua base de apoio os quadros do PT pernambucano contrários à continuidade dessa coligação.
Segundo a senadora Teresa Leitão, continuar coligado ao PSB seria orientação de Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente estaria defendendo que o partido renunciasse a candidaturas para os governos estaduais com o objetivo de oxigenar sua bancada no Senado Federal.
O fortalecimento da bancada seria um antídoto para uma eventual aprovação, pela Câmara dos Deputados, de pedido de impeachment no provável quarto mandato do presidente, cuja candidatura a mais uma reeleição é quase uma unanimidade entre os petistas. A votação do impeachment, como se sabe, é da competência dos senadores.
Embora admitindo que a manutenção da aliança com o PSB ainda é uma tendência, a senadora Teresa Leitão disse em entrevista nesta semana ao jornalista Jota Batista, da Rádio Folha FM, do Recife, que ainda não há uma definição e que as coisas podem mudar no decorrer dos próximos dois anos.
Essa ressalva deve-se ao fato de um descontentamento de lideranças locais do PT na coligação com o PSB, que deixou o partido enfraquecido e alijado do processo político, sem protagonismo no Estado e amargando uma fragorosa derrota no último pleito municipal: dos 184 municípios de Pernambuco, o PT elegeu somente seis prefeitos, e ainda perdeu outros dois. Já o PSB, do prefeito do Recife João Campos, que negou o vice ao PT, venceu em 31 prefeituras.
De olho nesse descontentamento, a governadora Raquel Lyra (PSDB) respondeu na sexta-feira (08) à agressão que sofreu na semana passada do prefeito João Campos, pretendente à sua cadeira no Palácio do Campos das Princesas nas eleições de 2026. Raquel, que projeta voos mais altos a médio prazo, nomeou um petista para a sua administração. Ao comentar o resultado do pleito, Campos disse que a governadora, que elegeu 33 prefeitos, foi a grande derrotada nessas eleições municipais.
Para minar a aliança do PT com o PSB, a governadora abriu as portas do seu governo aos petistas nomeando o vice-prefeito do município de Águas Belas, Maurício de Josué, para a presidência da empresa ProRural, cargo antes ocupado por um indicado do PL. Ela também deve abandonar o ninho tucano de oposição ao governo federal e se alojar no PSD, partido da base do governo Lula.
Raquel Lyra tem feito mais em direção a uma aliança com o PT, ao conseguir trocar os sinais da bancada petista na Assembleia Legislativa, que de oposicionista ferrenha passou a votar favoravelmente aos projetos da governadora.
Candidata natural à reeleição, tendo como principal oponente o prefeito João Campos, Raquel Lyra, cuja família tem histórico de lutas democráticas, afastou do seu governo os indicados do PL de Jair Bolsonaro para atrair os insatisfeitos do PT. Seu pai, João Lyra Neto, foi vice-governador de Eduardo Campos e assumiu o governo do estado quando o pai de João Campos renunciou para concorrer à Presidência da República, em 2014.
Nos bastidores já se comenta que ela prepara um nocaute em João Campos, oferecendo a vaga de vice-governador a um indicado do PT, coisa que o prefeito negou ao Partido dos Trabalhadores.