Notibras

Raquel investe em obras abandonadas para colher no quintal de João Campos

A governadora de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) está retomando esta semana as obras de três presídios na Região Metropolitana do Recife, iniciadas há mais de dez anos mas abandonadas pelos governos do PSB, que a antecederam. Localizado no complexo presidiário de Araçoiaba, cada unidade prisional terá capacidade para abrigar 388 detentos, totalizando 1.164 vagas, reduzindo o déficit prisional.

De acordo com uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), em novembro do ano passado, Pernambuco apresentava um déficit prisional de mais de 14 mil vagas. Eram 26.875 detentos para 12.276 vagas. Para a conclusão das obras serão aplicados R$ 30,8 milhões de recursos federais e contrapartida estadual. O projeto está com 65% dos trabalhos concluídos, faltando acabamentos e instalações hidráulicas, elétricas, louças, equipamentos hidro-sanitários, bancadas, cabeamento, pintura, revestimentos e urbanização.

O atual governo pretende ainda investir na ampliação de outros presídios para acrescentar até o próximo ano 2.700 vagas ao sistema prisional, contribuindo para a redução da superlotação nas unidades existentes. Até o final da sua gestão, a governadora Raquel Lyra pretende investir na segurança pública quase um bilhão de reais. Esse montante é cinco vezes maior do que o aplicado em anos anteriores, conforme o Plano Plurianual 2024-2027 enviado à Assembleia Legislativa do estado em 2023.

“A criação de novas vagas no sistema penitenciário é fundamental para que possamos garantir melhores condições de trabalho para os servidores que atuam nos nossos presídios e para dar mais dignidade para os privados de liberdade do Estado. Depois de mais de dez anos de paralisação, com o programa Juntos Pela Segurança vamos retomar essa obra e entregá-la à população pernambucana no menor espaço de tempo possível. Esse é o nosso compromisso”, disse a governadora.

As obras desse complexo prisional foram iniciadas em 2012, quando Pernambuco era governado por Eduardo Campos (PSB), com previsão de três anos para a sua conclusão, mas sofreram diversos atrasos e paralisações ao longo dos anos nos dois governos seguintes de Paulo Câmara (PSB), governador que sucedeu Campos e que não conseguiu seu sucessor, o ex-deputado Danilo Cabral, também do PSB, derrotado por Raquel Lyra em 2022.

Câmara ganhou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a presidência do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), com sede em Fortaleza, enquanto Danilo Cabral foi nomeado superintendente da esvaziada Sudene, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, que fica no Recife.

Diante da paralisação das obras por tão longo tempo, no ano passado o governo do estado cancelou o contrato com a antiga construtora, fez nova licitação e esta semana assina o contrato com a construtora vencedora que terá prazo de seis meses por cada uma das três unidades prisionais para a conclusão das obras.

Assim, a cada seis meses, até a conclusão do seu mandato, a governadora Raquel Lyra, que é do interior do estado, terá um novo presídio para entregar á população do Recife – que tem na segurança os seus maiores problemas – fustigando o prefeito João Campos (PSB), candidato declarado a concorrer à sua cadeira no Palácio do Campo das Princesas, dentro do seu próprio quintal. Bastará um discurso em cada uma dessas ocasiões lembrando à população que ela está concluindo obras abandonadas pelos governos do PSB para cutucar seu opositor e o seu partido.

O prefeito e a governadora anteciparam em dois anos a campanha para o governo do estado, em 2026, ambos buscando alianças em campos opostos. Depois de alijar o PT da sua chapa vitoriosa na reeleição à Prefeitura do Recife, João Campos ainda colocou petistas no seu governo sem consultar o partido, criando uma crise com a direção partidária. Enquanto isso, Raquel Lyra negocia com o senador Humberto Costa, presidente do PT no estado, a participação em seu governo, não afastando o posto de vice na chapa em 2026.

Sair da versão mobile