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Insulto ou intimidação?

Raquel mexe em lixo antigo e esquece de citar extorsão

Publicado

Autor/Imagem:
Rafael Moraes Moura, Amanda Pupo e Luiz Vassallo - Bartô Granja, Edição

Uma velha sujeira da política brasiliense, que remonta há duas décadas, voltou à tona nesta segunda, 18, com a decisão da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, de denunciar a deputada federal Érika Kokay (PT), por supostamente desviar salário de uma assessora à época em que era deputada distrital. O salário seria de Vânia Gomes de Oliveira Silva.

Segundo a denúncia, em depoimento à Polícia Civil, a ex-funcionária disse se recordar “que no início do ano de 2006 foi chamada para tomar posse em outra função, no gabinete da Vice-Presidência da Câmara Legislativa, como Assessora Parlamentar, no qual o salário era maior” do que o que recebia.

A procuradora, porém, esqueceu de citar na peça acusatória que o caso havia sido investigado e arquivado pela Polícia Civil do Distrito Federal. Tratou-se, na realidade, como ficou comprovado na época, de uma tentativa frustrada de extorsão. Tanto, que Vânia retirou a acusação no decorrer das investigações. Aliados da deputada definiram o gesto da procuradora-geral como uma mistura de insulto e tentativa de intimidação.

Raquel baseou-se em um velho documento, onde a servidora dizia que “antes de trabalhar na nova função (do mês de abril de 2005 até dezembro de 2005), recebia um salário aproximando de R$ 3.000,00 (três mil reais) e, quando recebeu o convite, foi informada que iria receber um salário maior e que o excedente, no caso R$ 2.600,00 (dois mil e seiscentos reais)”, que “deveria ser transferido para a conta conjunta”.

“O relatório da Secretaria de Pesquisa e Análise da Procuradoria-Geral da República confirma que Vânia Gomes de Oliveira Silva, logo após receber ‘Crédito Pagamento’ em sua conta corrente realizou transferências mensais”, narra a procuradora-geral.

Raquel ainda dá conta de que “entre dezembro de 2006 e outubro de 2007, Vânia Gomes de Oliveira Silva realizou sete transferências para Érika Kokay no valor total de R$ 13.100,00 (treze mil e cem reais), sendo cinco no valor de R$ 2.100,00 (dois mil e cem reais) e duas no valor de R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais), bem como realizou duas transferências para Alair José Martins no valor total de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), sendo uma no valor de R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) e uma no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais)”

Diante do apurado, diz Raquel, “não é factível que Vânia Gomes, por livre e espontânea vontade, tivesse doado, mensalmente, parte de seu salário a seus superiores hierárquicos, especialmente se considerarmos que Vânia alegou que passava por dificuldades financeiras. Ademais, não há nos autos qualquer registro junto aos órgãos fazendários da realização das supostas doações.”

Defesa – Em nota, a deputada Erika Kokay afirma: “Estou absolutamente surpresa com esta denúncia, pois em nenhum momento fui chamada para prestar qualquer tipo de esclarecimento.

Tal processo originou-se de uma tentativa de extorsão da servidora, ora citada, por mim denunciada à Polícia Civil do Distrito Federal, ainda no ano de 2010. A PCDF fez uma série de investigações, com escutas autorizadas, que comprovaram tal ato

A verdade é que a servidora fez algumas contribuições voluntárias para o Partido dos Trabalhadores, que estão atestadas em devido material comprobatório, inclusive, com a emissão de recibos.

A própria servidora, ao ser inquirida pela PCDF, à época, reconheceu que as doações eram voluntárias e destinadas ao partido, fato comprovado por inúmeras testemunhas.

Estou inteiramente à disposição da Justiça para dar as devidas explicações, as quais certamente comprovarão a minha inocência”.

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