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Rãs em extinção procriam em trecho do Arco Metropolitano, em Seropédica

Julia de Brito

Um relatório preliminar sobre a rã Physalaemus soaresi, anfíbio encontrado em trecho onde o Arco Metropolitano foi construído, indica que as ações de engenharia ambiental realizadas pelo Estado para garantir a preservação da espécie em extinção têm sido eficazes. Monitoradas por um grupo de pesquisadores há cerca de cinco anos, as rãs, que ficaram conhecidas popularmente como ‘pererecas’, têm procriado em banhado localizado abaixo do viaduto erguido especialmente para ajudar na sobrevivência do animal de apenas dois centímetros. O trecho, que no projeto inicial seria aterrado, fica no Km 98 do Arco, próximo à alça de acesso à Rodovia 465 (antiga Rio-São Paulo), em Seropédica, na Floresta Nacional (Flona) Mário Xavier.

Além da construção de um viaduto sobre o banhado, as ações para a preservação da rã P.soarei incluíram a construção de cinco zoopassagens; a supressão de uma das alças de acesso da estrutura e a alteração da posição de outra alça para preservar a área; a suspensão das obras do viaduto e de intervenções no entorno do banhado em épocas em que a espécie passava por período reprodutivo; o isolamento por tapumes da área até a finalização completa do viaduto; e o monitoramento diário da ocorrência da espécie.

Cuidados

– A notícia de que a reprodução da rã passa por um bom momento nos anima bastante, porque demostra que as ações preventivas realizadas são um sucesso. Primeiro construímos o viaduto colocando um vão extenso entre as duas faixas de rolamento, nos dois sentidos, para garantir a iluminação e a ventilação na área. Além disso, foram tomados cuidados no sentido de fazer com que a drenagem da região e do entorno não fossem alteradas e houvesse a permanência da irrigação daquele banhado – explicou o diretor-executivo da Câmara Comunitária de Integração Governamental, Vicente Loureiro.

A rã da Flona Mário Xavier se reproduz nos períodos chuvosos, sobretudo entre outubro e fevereiro, sob o folhiço das bordas de florestas próximas a áreas alagadas. A vocalização dos machos é um dos principais sinais da reprodução, além das visualizações de indivíduos da espécie e ninhos. O estudo preliminar foi feito entre 13 e 14 de janeiro. O monitoramento será realizado até 2019.

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