Reações à nomeação de Lula ministro vão de malandro a ditadura de esquerda
Publicado
emMarta Nobre, com Agências
Confirmado futuro ministro da Casa Civil da Presidência da República, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva mostrou que não passa de um malandro – sinônimo de maroto, usado pelo senador Álvaro Dias, líder do PV. Esta foi apenas uma das muitas manifestações contrárias à decisão de Dilma Rousseff.
Em São Paulo, Paulo Skaf, presidente da poderosa Fiesp, classificou a indicação como um golpe contra a nação brasileira. Uma reunião de emergência do setor produtivo industrial está prevista para sexta (18) ou segunda-feira (21). A mesma onda de ataques partiu da CNA: o Brasil vive clima de irresponsabilidade e de ações casuísticas.
Indústria – O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) classificou de “golpe” a indicação de Lula para assumir a Casa Civil. O anúncio oficial ocorreu no início da tarde. “A ida de Lula para a Casa Civil é um golpe contra a nação brasileira”, disse.
Paulo Skaf, segundo pessoas que transitam com desenvoltura pelos corredores da Fiesp, convocará uma reunião de emergência com todas as associações e sindicatos patronais da indústria filiadas à Federação para discutir os últimos acontecimentos nos cenários político e econômico.
Não é certo, ainda, mas cogita-se na Fiesp que a grande reunião possa ocorrer até o fim desta semana ou, no mais tardar, no início da próxima semana.
Agricultura – Sem citar Dilma Rousseff ou Lula, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil divulgou uma nota intitulada “Contra a irresponsabilidade política e as soluções casuísticas”.
O comunicado foi divulgado minutos depois de o Palácio do Planalto confirmar Lula como ministro. A entidade declarou que tem a obrigação de “expressar as preocupações dos produtores rurais diante das graves dificuldades que vive o País”.
Na nota, a CNA afirmou que o agronegócio é o único segmento da economia brasileira a apresentar crescimento e a mostrar desempenho superavitário na balança comercial e, diante disso, “o setor se credencia a alertar para o desastre iminente”.
O comunicado criticou a política econômica e disse que o Brasil está em “profunda recessão em virtude de reiterados erros de concepção e condução de política econômica”. A entidade disse ainda que o preço por estes erros está sendo pago com muito sacrifício pelo setor produtivo e pelos trabalhadores.
Para a CNA, nada está sendo feito para corrigir os problemas da economia. “A irresponsabilidade política e as soluções casuísticas parecem aspirar apenas à própria sobrevivência, sem mais nenhum propósito de resolver os verdadeiros problemas do País e das pessoas”, disse a entidade no comunicado.
O Executivo é citado apenas no quarto parágrafo do documento, quando a CNA afirma que o “governo é parte central do nosso drama”. Por possuir os instrumentos de política econômica, que no entender da CNA podem tirar o Brasil da crise, o governo deve à Nação, segundo a entidade, o fim desse período turbulento.
“Repudiamos qualquer movimentação social que acirre os ânimos e gere violência”, garantiu a entidade. “Esperamos que as instituições e o sistema político, em sintonia com o sentimento geral da sociedade, encontrem o caminho de volta ao crescimento, ao equilíbrio e à harmonia entre os brasileiros”, concluiu.
Ação popular – O líder do PV no Senado, Alvaro Dias (PR), entrou por volta das 12h30 desta quarta-feira, 16, com uma ação popular na Justiça Federal de Brasília para barrar a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro da Casa Civil.
No pedido, o senador alega que Lula se vale de um “expediente maroto” para garantir um foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e deixar de ser investigado pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, responsável pelas decisões da Operação Lava Jato.
Além do PV, parlamentares do DEM preparam uma enxurrada de ações populares nas 27 unidades da Federação com o mesmo objetivo. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), também disse que estuda tomar providências judiciais em relação à nomeação do ex-presidente.
Para Dias, a presidente Dilma Rousseff deveria se abster de nomear uma pessoa ministro de Estado caso esteja ciente de que paira a suspeita de prática de corrupção dela fora do governo. Ele argumentou na ação que Dilma precisa ter responsabilidade sobre os efeitos de decisões que vai tomar.
“Efetivamente não há justificativa plausível capaz de nortear a nomeação do ex-presidente Lula para integrar o primeiro escalão do governo da presidente Dilma Roussef. É ostensivamente uma manobra política para blindar o ex-primeiro mandatário do País sob o abrigo de uma Pasta ministerial. A referida artimanha constitui verdadeiro escárnio às instituições da República, ao princípio da moralidade e ao Estado Democrático de Direito”, disse o líder do PV, na ação de 11 páginas.
Alvaro Dias pede a concessão de uma liminar para barrar a nomeação ou sustar o ato de Dilma que nomeou a presidente. No mérito, pede a confirmação de que Lula está proibido de assumir um cargo no governo da presidente.
Pouco depois de anunciar a ação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o líder do PV defendeu a aprovação de uma proposta de emenda constitucional (PEC) de sua autoria que acaba com o foro privilegiado no País. Segundo ele, se essa PEC já tivesse sido aprovada, essa discussão envolvendo o ex-presidente nem sequer ocorreria.