Televisitas
Real e virtual se unem na atenção psiquiátrica
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emNos momentos de crises, como esta pandemia, mostram a capacidade da sociedade de se adaptar e evoluir com as dificuldades: são descobertas científicas e tecnológicas, mudanças de hábitos e outras necessidades que inovam ou otimizam equipamentos disponíveis.
No Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), os profissionais usam a visita virtual para aproximar pacientes e familiares. É uma forma segura e fácil de manter o contato e, assim, reduzir a saudade inevitável durante a internação.
A ideia começou quando as reuniões com as chefias no HSVP passaram a ser virtuais para manter o distanciamento social. Por meio dessas reuniões, veio a inspiração dos integrantes do Núcleo de Atividades Terapêuticas (Nuat) em criar uma forma dos familiares terem contato com os pacientes internados na unidade: a televisita.
Sala de visita
Enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem criaram uma sala de visita on-line compartilhada com os familiares por meio de um link. Bastaram um computador e uma câmera acoplada. O link é enviado à família do paciente, que clica no endereço e cai diretamente na sala.
Todas as quartas-feiras, no período da tarde, a equipe se dedica a esse importante momento. O Hospital São Vicente de Paulo é referência no atendimento psiquiátrico no Distrito Federal. Para as televisitas, foram estabelecidos alguns critérios: tempo de internação, filhos e pessoas na família que são grupo de risco para a Covid-19.
Ao fazer a seleção dos pacientes, a equipe percebeu que alguns dos internados que cumpriam os critérios não conseguiriam fazer o contato com os seus entes, pois a família não tinha acesso à internet – ou mesmo faltava habilidade para acessar o link.
Com isso, outros usuários preenchem as vagas para as chamadas de vídeo. Porém, aqueles com tais dificuldades não deixaram de ter o aguardado contato. Por telefone, às terças e quintas-feiras, os pacientes podem conversar com seus familiares.
Apoio da família
Uma das profissionais envolvidas é a terapeuta ocupacional Bruna Fassanaro. Ela já percebeu o quanto a televisita está sendo importante para os envolvidos. “Percebe-se que é muito mais que um canal de visualização, comunicação, é a manutenção ou, talvez, até mesmo o resgate do vínculo familiar. Desperta sentimentos, desejo de estar junto, de cuidar”, comenta. “Diante disso, toda equipe acha muito válida a continuidade desse projeto mesmo após a pandemia”, projeta Bruna.
As televisitas estão sendo o principal canal para a aproximação de pai e filho. Devido a crises de agressividade, um paciente (que não será identificado) está internado há um ano no HSVP. A sua cuidadora era a avó que, devido à idade, já não tem condições de cuidar do neto.
A mãe do paciente também sofre de transtorno mental, o que inviabiliza o cuidado. Bruna conta que a equipe do Serviço Social conseguiu localizar e entrar em contato com o pai desse paciente, que mora em Barreiras, na Bahia. “Ele demonstrou interesse em cuidar do filho e desde então os dois estão se aproximando por meio da televisita”.
Um dos entraves para que o pai possa buscar o paciente é o fato de não haver registro paterno. “Então, estamos aguardando os trâmites legais para a possível saída do paciente – uma vez que ele se encontra de alta há um tempo”, conta Bruna Fassanaro.
As chamadas de vídeo já havia sido feitas entre pai e filho e estão sendo continuadas com a televisita. Nesse encontro virtual, o pai fala para o filho o desejo de morarem juntos, bem como o filho diz aceitar esse convívio.