Com a possibilidade de renúncia ou cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cresce no PMDB da Câmara um movimento em defesa da candidatura própria do partido à sucessão do peemedebista na presidência da Casa. O movimento pode trazer um novo problema para o presidente em exercício Michel Temer, uma vez que contraria as articulações nesse sentido de outros grupos da base aliada.
Peemedebistas querem, com a defesa da candidatura própria, pressionar Temer a compensar a bancada pela forma como vem sendo tratada na distribuição de cargos no 2.º e 3.º escalões. Deputados do PMDB reclamam que o presidente em exercício não tem cumprido acordos com a bancada da Casa, que diz ser o “patinho feio” do governo.
“A vaga é do PMDB”, disse o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR). “O PMDB tem que brigar pelo cargo”, afirmou Osmar Serraglio (PMDB-PR). “Defendo que o PMDB termine o mandato”, declarou Mauro Pereira (PMDB-RS). “O PMDB tem que ficar com o cargo”, defendeu o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA).
Segundo esses parlamentares, a bancada não discutiu oficialmente o tema em respeito a Cunha, cujo processo de cassação aguarda análise pelo plenário da Casa. Mas afirmam que esta é a posição da maioria e já falam em nomes. O mais citado é o de Serraglio, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ligado a Cunha.
Serraglio defende a tese de que só o PMDB pode disputar a vaga de Cunha, em caso de vacância. Alega que, pela regra da proporcionalidade, o cargo é da legenda, dona da maior bancada da Casa (66 deputados).
O movimento do PMDB foi mal visto por grupos da base de Temer que articulam candidaturas próprias para a sucessão de Cunha, como o Centrão, grupo de 13 partidos liderados por PP, PSD, PR e PTB, e a antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB). Próximo a Temer, o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), já disse a aliados que o partido não deveria entrar na disputa. Hoje, a bancada do PSDB discute eventual sucessão na Casa.
Consulta – Nesta segunda-feira, Cunha sofreu mais um revés na Câmara. O presidente interino da Casa, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), arquivou a consulta à CCJ que poderia ajudar o peemedebista a reverter no plenário o pedido de cassação aprovado no Conselho de Ética. Com a decisão, Cunha tem apenas os recursos na CCJ para tentar mudar o que o conselho aprovou.