Fazer o quê?
Recessão não perdoa e pega economia informal em cheio
Publicado
emMárcia De Chiara
Em épocas de vacas magras, quando as empresas demitem, as pessoas procuram na economia informal, também chamada de subterrânea, uma alternativa para sobreviver. Com isso, a informalidade aumenta rapidamente. Mas, desta vez, esse lado da atividade está avançando a passos de tartaruga.
Pelo segundo ano consecutivo, a fatia da economia informal em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, a soma de toda a riqueza gerada no País) deve crescer apenas 0,1 ponto porcentual.
Em 12 meses até junho, a economia informal correspondeu a 16,3% do PIB, ante 16,2% no ano anterior e 16,1% em 2014, segundo o Índice de Economia Subterrânea (IES), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO). “A economia subterrânea não cresceu em ritmo mais acelerado por causa da dimensão da crise atual”, observa o presidente executivo do ETCO, Edson Luiz Vismona.
O economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo indicador, diz que a participação da informalidade no PIB poderia ter avançado mais. Mas isso não ocorreu porque a crise também está afetando os informais. “Temos uma crise brutal, da qual nem mesmo a economia subterrânea, que é mais flexível, tem escapado.”
Ele observa que o fraco desempenho da economia informal no período não se deve a aumentos em mecanismos de fiscalização, como a nota fiscal eletrônica, MEIs (Micro Empreendedor Individual) e o Simples, já que esses mecanismos permaneceram nos patamares pré-crise.
No critério usado pela FGV, a economia subterrânea inclui a produção de bens e serviços não declarada ao governo para sonegar impostos e contribuições, a fim de reduzir custos. O índice é calculado a partir de dois grupos de indicadores. Um deles é a demanda da população por dinheiro vivo, que geralmente cresce quando a informalidade aumenta, porque essa é uma forma de burlar o fisco. O outro é o trabalho informal.
No caso do trabalho informal, medido pelos sem carteira assinada, o pesquisador ressalta que esse tipo de ocupação caiu 210 mil trabalhadores em quatro trimestres encerrados em junho. Os trabalhadores com carteira registraram retração de 1,3 milhão O que se vê neste momento é que até o trabalho por conta própria (que não entra no cálculo do indicador, porque pode ser formal), e que tinha crescido no ano passado, está em queda este ano, com retração de 725 mil trabalhadores. “A crise está reduzindo emprego de forma geral: com ou sem carteira e acabando com os por conta própria.”