Eu costumo dizer que cada projeto que entrego e executo é como se fosse um filho que também encomendei e fiz para o cliente. Começa com uma simples inspiração, a partir de qualquer detalhe: um quadro do proprietário, uma característica da sua personalidade, um hábito realizado todos os dias… Depois de alguns meses, é entregue ao proprietário para que ele cuide e crie sua própria história.
Da ideia inicial, começam os primeiros rabiscos. E assim, segue com todas as suas fases: conceito, anteprojeto e projeto executivo, quando, finalmente, é mostrado ao cliente, como o esperado ultra-som do primeiro trimestre. A partir daí surgem alguns debates e o martelo é batido. Depois da gestação, vem o parto. E, para chegar à vida, a obra também provoca estresse, ansiedade, nervosismo ou ainda pode ter complicações – afinal, nunca se sabe o que está por trás das paredes ou dos pisos, ou ainda, como lidar com fornecedores que não cumprem prazos.
A execução da obra tem etapas sincronizadas e, diferentemente do que a maior parte dos contratantes pensa, elas precisam ser seguidas à risca para que não haja problemas. Em vez de pensar no local onde ficará o porta-toalha, é preciso avaliar se há encanamento que passe pela parede. Ao imaginar a mudança de um ponto de elétrica para instalar o tão sonhado lustre, é necessário considerar se é laje ou forro de gesso. Assim como não dá como iniciar a cesárea ou parto normal sem que a mãe seja avaliada antecipadamente.
Todo processo que foge do projeto implica em tempo de obra e, claro, valor do serviço final. Mudar o planejamento, por mais simples que seja a modificação, custa tempo e dinheiro. Por isso, a avaliação inicial tem de ser planejada e detalhada, da mesma forma como a chegada de um filho. Depois de pronto, com uma base bem construída, é chegada a hora de entregá-lo ao mundo para ter a sua própria vida.