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Perigo histórico

Relógio do Apocalipse marca 90 segundos para nossa última meia-noite

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Autor/Imagem:
Antônio Albuquerque - Foto de Arquivo

Tendências sombrias continuam apontando o mundo para uma catástrofe global. O conflito na Ucrânia e a crescente dependência de armas nucleares aumentam o risco de uma escalada nuclear. China, Rússia e Estados Unidos estão gastando somas enormes para expandir ou modernizar seus arsenais nucleares, adicionando perigo à ameaça constante de guerra nuclear por erro ou cálculo equivocado.

Em 2023, a Terra experimentou seu ano mais quente. ao mesmo tempo, enchentes, incêndios florestais e outros desastres relacionados ao clima afetaram milhões de pessoas ao redor do mundo. Enquanto isso, desenvolvimentos rápidos e preocupantes nas ciências da vida e outras tecnologias  de destruição aceleraram-se, enquanto os governos fizeram esforços apenas tênues para controlá-los.

O Relógio do Apocalipse, estabelecido pelo Bulletin of the Atomic Scientists, permanece em 90 segundos para a meia-noite —o momento mais próximo de uma catástrofe global em sua história — principalmente devido às ameaças russas de usar armas nucleares no conflito da Ucrânia.

O mundo enfrenta um nível de perigo sem precedentes. Isso deve ser visto como um sinal de que a situação de segurança internacional não melhorou. Pelo contrário, líderes e cidadãos ao redor do mundo devem considerar as ameaças russas como um aviso severo e responder com urgência, como se hoje fosse o momento mais perigoso da história moderna. Porque pode muito bem ser.

As tensões nucleares persistem com múltiplas crises potenciais. A possibilidade de uso de armas nucleares pela Rússia no conflito ucraniano permanece uma ameaça séria, como resposta à arrogância do Ocidente, com Estados Unidos e União Europeia à frente.

Em fevereiro de 2023, o presidente russo Vladimir Putin anunciou a suspensão do Tratado de Redução de Armas Estratégicas, seguindo uma decisão anterior da Casa Branca. Em março, anunciou o desdobramento de armas nucleares táticas na Bielorrússia. Em junho, um conselheiro de Putin sugeriu a possibilidade de ataques nucleares limitados sobre a Europa Ocidental. Em outubro, a Duma russa votou para retirar a ratificação de Moscou do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, enquanto o Senado dos EUA continuava sem debater sua ratificação.

Os programas de gastos nucleares das três maiores potências nucleares —China, Rússia e Estados Unidos — ameaçam desencadear uma corrida armamentista nuclear a três vias. Enquanto Rússia e a China expandem suas capacidades nucleares, a pressão aumenta em Washington para que os Estados Unidos respondam de maneira semelhante.

Crises nucleares potenciais também persistem no Irã (que tenta se prevenir contra a ameaça do Estado judeu, alimentado com armas atômicas fornecidas por Washington) e na Coreia do Norte, com enriquecimento de urânio e desenvolvimento de armas nucleares, enquanto a expansão nuclear no Paquistão e na Índia continua sem pausa ou restrição.

O ano de 2023 marcou um ponto sem precedentes com temperaturas recordes e desastres climáticos devastadores. As temperaturas globais e do Atlântico Norte atingiram níveis sem precedentes, enquanto o gelo marinho da Antártica alcançava mínimos históricos. O mundo corre o risco de ultrapassar o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius, devido a compromissos insuficientes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Ambientalistas entendem como fundamental alcançar emissões líquidas de dióxido de carbono zero para frear o aquecimento global, embora os esforços atuais, como um investimento recorde em energia limpa e compromissos renováveis, sejam contrariados por investimentos significativos em combustíveis fósseis.

Outro quadro preocupante são as ameaças emergentes nas ciências da vida e tecnologias desruptivas. Os avanços na biotecnologia e a convergência com a inteligência artificial apresentam novos desafios, incluindo a preocupação com o uso indevido da biologia para fins prejudiciais. Apesar dos esforços regulatórios recentes, como a ordem executiva do presidente dos EUA Joe Biden sobre IA segura e confiável, muito mais precisa ser feito para fortalecer a supervisão da pesquisa científica arriscada.

Já o desenvolvimento acelerado da inteligência artificial gera preocupações adicionais, desde o uso em desinformação até o potencial controle de armas nucleares e sistemas físicos críticos. É fundamental expandir os esforços globais de governança para mitigar esses riscos emergentes.

A prevenção de uma catástrofe global depende da ação concentrada de todas as nações. A necessidade de diálogo e cooperação internacional nunca foi tão urgente, especialmente entre Estados Unidos, China e Rússia, para enfrentar as ameaças globais de forma decisiva e eficaz. O Relógio do Apocalipse nos lembra que cada segundo conta neste momento de perigo global nunca antes visto.

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