Hermano Leitão
De Lula a Dilma, ou de 2003 a 2014, a Odebrecht, maior empreiteira do Brasil, alçou um voo de águia que rendeu à empresa um aumento de substanciosos R$ 17 bilhões para R$ 110 bilhões de faturamento anual. A mágica do gigantismo dessa empresa de 72 anos de atividade está diretamente ligada à tomada de poder da República brasileira em conjunto com o Partido dos Trabalhadores.
As mentes psicopatas de Lula e Marcelo Odebrecht vislumbraram a conquista do mundo por meio da compra em vil metal – corrupção nua e crua -, de tudo e de todos – por meio do superfaturamento de obras públicas, de financiamento de campanhas eleitorais e de apoio político no Congresso Nacional.
Para tanto, um gigante cartel de empreiteiras foi montado para servir aos interesses políticos e empresariais da dupla megalomaníaca.
Como revelado na recente fase da Lava Jato, a Odebrecht contava com uma “Divisão Tecnológica de Propina” e distribuição de obras e recursos públicos. A fonte primária desse ambicioso projeto foi o assalto aos cofres do setor de energia (Petrobrás, Eletrobrás, Nuclebrás etc) e de finanças públicas (BNDES – entre 2007 e o início de 2015, o banco de fomento destinou à Odebrecht cerca de 70% de todo recurso destinado a obras de empresas brasileiras no exterior -, BB, Caixa etc).
Príncipe dos ricos, rei dos pobres – Na linha de frente dessa mega operação em Salvador, erigiu-se a “República da Bahia”, formada por mentes diferenciadas e inescrupulosas: Jaques Wagner, José Sergio Gabrielli, João Santana, Mônica Moura, Léo Pinheiro, Benedito Barbosa Silva Júnior, Ricardo Ribeiro Pessoa, Eugênio Aragão, e executivos da “Divisão Tecnológica de Propina”.
Consolidou-se, assim, a liderança do Príncipe das Empreiteiras, Marcelo Odebrecht, e o domínio político do Rei dos Pobres, Lula. Em apanágio dessa República, slogans, peças publicitárias, marketing – tudo financiado com dinheiro público roubado durante 13 anos batidos a palmas, ufanismo e populismo. Foi a ascensão da República da Bahia e seus aloprados.
Quanto maior a altura, maior o tombo. A queda da “República da Bahia” foi encaminhada pela “República de Curitiba” – denominação que Lula pretendeu empregar, em vão, para desqualificar os laboriosos agentes da Força Tarefa da Lava Jato e o Juiz Sérgio Moro.
A competência investigatória do Ministério Público Federal com o auxílio da Polícia Federal, ao desvendar a organização criminosa comandada por Lula e Marcelo Odebrecht, promoveu a produção de provas robustas da corrupção, sobretudo na Petrobrás, e deixou sem saída os criminosos de todos os setores envolvidos.
De fato, quando a Lava Jato prendeu o senador Delcídio do Amaral – acusado de obstruir a Justiça –, e quando o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que a condenação criminal em Segunda Instância obrigava o cumprimento da pena imposta independentemente de recurso, as sirenes e sinais vermelhos aturdiram os envolvidos na organização criminosa.
República da Justiça – A cereja do bolo, claro, foram as revelações das operações da “Divisão Tecnológica de Propina”, na colaboração de Maria Lucia Guimarães Tavares, que era responsável pela produção das planilhas que controlavam o pagamento de “acarajés” (como essas transações eram chamadas).
As delações premiadas detonaram a “República da Bahia”, a fazer com que o resistente Príncipe dos Empreiteiros pedisse o benefício da colaboração judicial, e o Rei dos Pobres tentasse fugir do rigor da Lei em foro privilegiado.
Caiu o Rei cara de pau. Sucumbiu o príncipe das trevas. Depõe-se aquela que foi sem nunca ter sido uma presidente do Brasil. A desastrosa Dilma Rousseff não é republicana, não é digna de confiança. É simplesmente incapaz de compreender a liturgia do cargo, o bem público, a administração do Estado brasileiro.
Em repetição da história dos Medici, na Renascença, com o poder dirigido por tiranos, banqueiros e aventureiros, a depressão econômica, os erros de gestão, a ambição política, a corrupção dos agentes políticos, as lutas internas de seus aliados a soldo, foram os ingredientes que ditaram o fim da República de Florença.
Aqui, finda a República da Bahia. Agora, de mãos limpas, que venha a República da Justiça.