Deslizando com estilo
Revolução da patinação no asfalto quente chega ao Nordeste

O sol escaldante do Nordeste nunca foi obstáculo para quem tem paixão por rodinhas nos pés. Em meio às ladeiras históricas, avenidas litorâneas e calçadões urbanos, uma nova cena esportiva vem ganhando ritmo e visibilidade: a patinação de rua. Jovens e adultos estão transformando o asfalto quente do sertão e das capitais nordestinas em passarelas de estilo, resistência e cultura.
O que antes era visto apenas como lazer virou forma de expressão. Em bairros periféricos de cidades como Recife, Fortaleza e Salvador, coletivos de patinadores organizam encontros semanais, misturando manobras ousadas com o som dos paredões e beats do brega-funk ou do trap local. A vibe é de comunidade e inclusão: “Aqui todo mundo desliza junto, independente da marca do patins ou da habilidade”, conta Letícia Duarte, fundadora do coletivo Asfalto Crew, em Recife.
As redes sociais aceleraram esse boom. Reels e TikToks de patinadores nordestinos viralizam com frequência, mostrando desde desafios de manobras até tutoriais de como adaptar o equipamento ao terreno acidentado. A moda acompanha o movimento: bermudas largas, camisetas estampadas, meias altas e capacetes estilizados viraram assinatura de quem desliza por essas bandas.
Apesar do crescimento, a cena enfrenta desafios. A falta de infraestrutura urbana segura para a prática do esporte ainda é um gargalo. Ruas mal conservadas, ausência de ciclovias e o preconceito com esportes urbanos limitam a expansão. Mas a resposta vem na forma de resiliência. “A gente já aprendeu a patinar no paralelo, agora só falta o apoio do poder público”, diz Jefferson Lima, patinador de Maceió.
Com festivais, competições independentes e até marcas locais surgindo para apoiar a cultura, a patinação nordestina está longe de ser uma moda passageira. Ela é movimento, arte e resistência sobre rodas. E a cada deslize no asfalto, uma nova história se desenha — com suor, sol, e muito estilo.
